domingo, 10 de agosto de 2008

Um anuncio

Todo final de tarde estabelece-se a rede de bem-te-vis.
Uma trama complexa e dinâmica.
Eles vêm e vão constantemente
entre as árvores daquela minha circunscrição.
Sempre se comunicando numa intrincada cadeia
de Bentiiviis! e Bintiviiis! Beeeeentiiivis!
e Beennnntivis! e outras palavras beentivínicas.
Eu gosto de ouvi-los,
eles e elas bem-te-vis
encerram o dia com dignidade e sabedoria.
Orquestram entre si o desenrolar da noite e,
depois, quedam-se em silêncio gentil.
Seus volteios circunflexos e gritos briguentos
são de qualquer coisa de vida de ver.
Boas tardes de domingos, enquanto
os escafandros pendurados
em estratégicos lugares
de algum museu no sul de Minas,
projetam, entre sombras
da árvore frutífera em seu redor,
os contornos frios, sombrios propriamente,
que, no fundo letras – como a linha preta
sobre a branca mancha do papel – nos
lançam as imagens aos sonhos, às quimeras...
Confusão.
Nada há mais difícil que as palavras.
As bem-te-vis acalmam o embate do dia.
O lusco-fusco,
gentilmente convidado por elas,
instaura as suas cores.
Os cinzas chamados são a prevalecer.
Mais uma noite se anuncia...
As letras perdem espaço aos sentidos.
Não se assustem, o amor, mais uma vez, reclama o seu trono.



Tudo besteira.

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