quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Merle Oberon e Hedy Lamarr











































Quando tinha 6, 7 anos, assisti ao Sansão e Dalila, de Cecil B. DeMille, acho que se escreve assim. Ficou a lembrança da cara de bebê chorão de Victor Mature e de um close-up daqueles de 10 metros de largura de tela de cinema de Hedy Lamarr, com os cabelos semelhantes à foto acima e um véu vermelho escarlate sobre eles. Entendi perfeitamente onde Sansão se perdeu, ou se achou. Eu tinha 7 anos. Acho que foi a primeira atriz de cinema por quem me apaixonei.
Já Merle Oberon estava eu rapazinho, da época em que assistia todos os programas de filmes dos canais de tv. Beleza estranha, qual será origem de seu nome? Fiquei enfeitiçado com seus olhos e o vento. Nunca os esqueci.
Então ficava eu madrugadas adentro diante da telinha e ia à escola pela manhã quase que um morto vivo. Mas eu gostava. E minha mãe ia decodificando os atores, atrizes e diretores e demais figuras de Hollywood. Ela, mamãe, passou a juventude assistindo a filmes, quase que diariamente, no velho cinema de bairro de Jucutuquara, em Vitória, onde viveu boa parte de sua juventude e onde morreu vovô Josaphat, o velho Fafá, de quem sou, provavelmente, um tulku. Quase não há atores de filme B que ela não conheça. E tem um pouquinho de cinema europeu também.
Parodiando Verlaine eu poderia, agora, dizer que assisti todos os filmes, todos,
e a vida é triste.
Mas há aquelas belezas de segundos.

Sobre nada

Uma tarde de quarta-feira de cinzas quente e abafada.
No fim irá chover.
Acabei de assistir um filme interessante.
Título em português: Paixão de suicídio ou algo parecido.
A história se passa em um planeta terra onde não há folhas, flores e frutos, apenas o chão seco e áspero. E onde ninguém sorri. Mundo dos suicidas, espécie de além reservado aos que cometem o suicídio. Tem o Tom Waits e uma brunete de cabelos à Chanel muito bonita, com o nome engraçado de Shannyn Sossamon e que adota um ar assim meio desleixado. De qualquer forma, uma belezura. Parece ser um daqueles filmes independentes de baixo orçamento. Enfim, um filme interessante.
Estou tomando uma cervejinha e a moça da limpeza apareceu em pleno feriado. Bom, vou terminar o carnaval, ao contrário de muita gente, com a casa limpa, cheirosa e organizada.
Para encerrar a abobrinha, outro soneto de Olavo Bilac, sobre o tempo:

Um cometa passava... Em luz, na penedia,
Na erva, no inseto, em tudo uma alma rebrilhava;
Entregava-se ao sol a terra, como escrava;
Ferviam sangue e seiva. E o cometa fugia...

Assolavam a terra o terremoto, a lava,
A água, o ciclone, a guerra, a fome, a epidemia;
Mas renascia o amor, o orgulho revivia,
Passavam religiões... E o cometa passava.

E fugia, riçando a ígnea cauda flava...
Fenecia uma raça; a solidão bravia
Povoava-se outra vez. E o cometa voltava...

Escoava-se o tropel das eras, dia a dia:
E tudo, desde a pedra ao homem, proclamava
A sua eternidade ! E o cometa sorria...
Por isso, não se preocupem, tudo acabará num átimo.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

poema

Tenho andado cansado e sem ideias, melancólico. O feriado já se avizinha solitário e chato. Como é mesmo a vida...tenho até um dinheirinho, o carro novo, saúde; mas tesão nenhum pela vida. Tudo um porre. Aliás, só tomando um porre pra esquecer essa merda toda. Do jeito que ando, bem que Deus podia acontecer de existir e me dar uma forcinha pra sair da bossa. Mas não adianta, não acredito mais em ajudas de Deus.

Eis que me sempre volta aquela imagem
Do escafandro e da sombra em hora bela.
Já a sombra se espraia em torno à ela
E em minha alma permanece a imagem.

Havia lá um córrego selvagem,
E os jardins e as rosas, as alamedas
De flores, lembro bem que todas ledas
Perfumavam a lembrança, a miragem.

Lá, na infância, fica aquela porta,
Há o cadeado, o trinco, a maçaneta.
Lá ficou a minha alma como morta.

Procuro um norte, um caminho, a greta
Por onde passe o mito e sua clivagem,
E da Citérea fique a sacanagem.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Um poema

Como a floresta secular, sombria,
Virgem do passo humano e do machado,
Onde apenas, horrendo, ecoa o brado
Do tigre, e cuja agreste ramaria

Não atravessa nunca a luz do dia,
Assim também, da luz do amor privado,
Tinhas o coração ermo e fechado,
Como a floresta secular, sombria...

Hoje, entre os ramos, a canção sonora
Soltam festivamente os passarinhos.
Tinge o cimo das árvores a aurora...

Palpitam flores, estremecem ninhos, . .
E o sol do amor, que não entrava outrora,
Entra dourando a areia dos caminhos.

Olavo Bilac

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Voltando às configurações originais.

A crise e meu uninho zero quilômetro

Olá !

Estou com novos hábitos. Acordando muito cedo, ainda noite. Saio de casa às seis e quinze e chego às seis e meia, muito cansado. A nova escola, quase em Betim, é, praticamente, uma escola rural. Seu entorno é todo matinhas, uma chácara aqui, outra ali. É pequena, oito turmas de 1º e 2º ciclos. Muito bonitinha. Vou fotografá-la e publicar aqui no blog. Comprei um carro novo, um uno vermelhinho todo equipado e que saiu mais barato que esperava. Os juros também.

Fico chateado com a mídia não. Tenho pena, estão desesperados. Elas, as montadoras, pararam de produzir para dizer que o povo parou de comprar. São loucos desvairados. Como podem acreditar que vão enganar as pessoas com táticas estúpidas como essa? Estão é se fodendo cada vez mais. Sabem aquela história daquele que caiu em uma areia movediça e que quanto mais se debate mais se afunda? É o caso da mídia babaca-escrota-filha-da-puta que a gente tem aqui no Brasil.

Eu queria comprar um carro em condições dignas. Comprei. Entrei na loja, conversei, pechinchei, e, principalmente, acreditei em mim, em meu país e na vida.

Crise?

Que crise?

Provérbios gregos