quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Aos teóricos da educação, vão tomar...





















Novamente peço desculpas aos leitores pelo título da postagem, mas me defendo dizendo que é o meu sentimento mais verdadeiro. E como este blog é meu, escrevo o que quiser. Certo?


Certo. Então vamos ao que interessa.

Entre meus alunos jovens e adultos da escola noturna, creio haver um ou dois, no máximo, que, eventualmente, leem alguma literatura. A maioria (dos que leem quaisquer coisas) só lê os jornalecos de 0,25 cents ou a Bíblia. Quando lhes digo que não acredito em Deus eles sempre me dizem que Jesus me ama assim mesmo. Sempre me calo depois dessa. O fato é que acredito em Deus cá com os meus botões. O faço à minha moda e, como não quero evangelizar ninguém, guardo para mim.


Mas fiquei ligeiramente feliz com os meus alunos da tarde pois que os vejo alguns com livros interessantes debaixo dos braços, tais como a aluninha que lia um calhamaço de 400 páginas sobre mitologia nórdica. Um luxo! Outro dia era outra com a mitologia greco-romana.


Mas o fato é que entre esses meus adolescentes - o possessivo é brincadeirinha hein! - há alguns que gostam de ler. Muito me surpreendeu. Principalmente em se tratando de uma escola de periferia. Não quero parecer preconceituoso ou racista, mas minha experiência de 6 anos com escolas de periferia me mostra que a maioria absoluta dos jovens e adolescentes pobres só gosta mesmo é de ouvir e dançar o créu e semelhantes. Quanto digo maioria absoluta é que quero dizer mais de 50 %.


Por isso e outras momunhas mais é que tenho vontade de mandar às favas (para não....) aqueles que me vêm dizer que é preciso lidar com a juventude na base do diálogo e da concessão. Isto é, você, que é professor de música, ou que faz sua licenciatura, quando for dar aula nas escolas públicas brasileiras, se prepare, pois vai ter que ensinar a moçada a ler partitura ao som do rap e do funk. Beethoven ou Mozart nem pensar. Esqueça!


Mas nem tudo está perdido como pudemos ver com as nossas queridas alunas leitoras dos mitos. Sempre pode ser possível realizar algum trabalho diferenciado com um pequeno grupo de crianças, adolescentes e jovens mais sublimados, onde o professor de música vai poder ensinar de Luis Gonzaga à Villa-lobos e os professores de arte vão poder mostrar imagens de Tintoretto, El Greco ou Velasquez, por exemplo, sem ter que se incomodar com 35 alunos conversando e ridicularizando os mestres e a sua beleza.


Podem me chamar de reacionário, autoritário, arrogante ou coisas parecidas. Mas em aula minha ninguém escuta o créu e os da família. Quem quer escutar essas coisas tem sempre a sua casa é o que digo.


E como dizia Galileu na Galiléia: "A beleza é que vai salvar o mundo"


E tenho dito.

Calor e alimentos


Amigas e amigos, cuidado com os alimentos nesta época de muito calor. Ontem, após comer uma moqueca de cação, passei tanto mal que fui parar no hospital. Tomei sorinho na veia - coisa que adoro - e depois fui pra casa descansar, o que fiz até às 10 horas da manhã de hoje. É claro que, não gostando de cação, não deveria tê-lo feito, burrice nº 1. Comer moquecas sem que sejam feitas por mamã e, inda por cima, em minas gerais, foi a burrice nº2. Saibam que sou filho da capixaba D. Norma, que faz deliciosas comidas com frutos do mar e que, vez ou outra, me brinda, como outro dia mesmo, com gostosos peixes, siris e camarões. Adoro.

Comer essas coisas, no entanto, em restaurantes mineiros não especializados, aviso, é fria!

Mas então, após ter saído quase correndo da sala de aula para ir vomitar no banheiro, e ficar indo e voltando dali por mais de uma hora, decidi que tinha de ir a um hospital. Deixei a moto na escola, o que me está preocupando, e ganhei uma carona até o Semper. Quase eternos vinte minutos.

Agora já estou bem, só ficou uns restos da diarréia, que também já está passando.

Então fica o toque: não comam peixe em qualquer lugar. Especialmente cação, que é um peixinho muito do safado...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O trovadorismo, as cantigas d'amor galego-portuguesas















Um pouco do trovadorismo galego-português, meados do século XIII.

Nuno Fernandez Torneol

Quando mi-agora for'e mi alongar
de vos, senhor, e non poder veer
esse vosso fremoso parecer,
quero-vus ora por Deus preguntar:
Senhor fremosa, que farei enton?
Dized' ay! coita do meu coraçon!

E dizede-me: en que vus fiz pesar,
por que mi-assi mandades ir morrer?
Ca me mandades ir alhur viver!
E pois m'eu for e me sen vos achar,
Senhor fremosa, que farei enton?
Dized' ay! coita do meu coraçon!

E non sei eu como possa morar
u non vir'vos, que me fez Deus querer
ben, por meu mal; por en quero saber:
e quando vus non vir, nen vus falar,
Senhor fremosa, que farei enton?
Dized' ay! coita do meu coraçon!

Coita, é o drama passional do trovador.
Senhor, forma de tratamento com que o trovador se dirigia à mulher, reminiscência do tratamento feudal dirigido ao suserano. Demonstra a posição de humildade do trovador em relação à dama.
U, onde.

O resto acho que dá para adivinhar e depois falo mais sobre isso.

Extraído de "A lírica trovadoresca, Sigismundo Spina"

domingo, 26 de outubro de 2008

Kryon em África

Eis um site que acompanho há vários anos. Trata-se de canalizações de Kryon na África do Sul por David Brown. É um Kryon, diferente de Lee Carol, mais focado no mundo abaixo do equador e nas questões de equilíbrio entre masculino e feminino. Tem traduções em vários idiomas, inclusive em português, já que há uma grande colônia portuguesa no país africano. Gosto muito.
Uma boa semana a todos!

En el momento estamos entrando a una nueva era, a la Era de Acuario. Hay un problema al dar el nuevo paso y es que el paso hacia Piscis nunca se completó. Hubo ciertas energías y fuerzas en este planeta que bloquearon el camino hacia la verdadera energía de Cristo fluyendo hacia la conciencia del hombre. Una base de gran poder ha sido construida en este planeta como un resultado con unas cuantas personas controlando la mayoría de la riqueza en el planeta también controlando a la mayoría de las personas en el planeta. Tanto como el occidente parece ser libre, no es totalmente libre aunque de alguna manera es mucho más libre que otras partes del mundo pero de otras formas es mucho menos libre por la condición social.

Cuando uno disecciona las palabras “libertad” e “independencia” y lo que en realidad significan uno debe preguntarse: “¿en realidad se es libre en el occidente?” La respuesta a eso debe ser un resonante “no”. Por otro lado, uno debe preguntar, “¿estamos mejor en el occidente que nuestra contraparte en el oriente?” Financieramente uno podría contestar “sí”. El dinero no lo es todo. Tiene que haber verdadera paz interna, tiene que haber verdadera alegría y libertad y después en verdad saben que son la libertad y la paz, cuál es su propio poder, cuánto se aman en verdad.

El occidente está un poco inquieto por lo que pasa en la India, China, Brasil y Sudáfrica y otras naciones emergentes alrededor del globo pues esto significa menos control en las manos del occidente. ¿Qué significa esto en una base individual? Significa que si EE.UU. tiene problemas con su economía ya no afecta a todos en el mundo, afecta a muchas personas pero estas nuevas economías están sosteniendo una energía diferente, una energía que no depende en los Estados Unidos o en Europa occidental para manejar sus economías. Sus economías están haciéndose más y más fuertes y de una forma esto está creando seguridad en el planeta, pues el poder base alrededor del globo está cambiando aunque uno tenga compañías globales aún hay un cambio de poder.

continua...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Sobre os tempos

Uma pausa nas belezas da arte e da literatura para comentar as atualidades (que são belas também).

O presidente Lula recebeu um telefonema de Bush, o norte-americano, convidando o brasileiro para participar de uma reunião do G8 (os sete países mais ricos do mundo mais a Rússia); quer escutar suas opiniões. Achei lá no blog da Glória.

"No telefonema, de aproximadamente 15 minutos, Bush aproveitou para consultar Lula sobre a disposição da Índia em retomar as conversas para a conclusão de um acordo na Rodada Doha pela liberalização do comércio."

Me deixou com um bom sentimento de amor à mátria Brasileira.

sábado, 18 de outubro de 2008

A San Felice

Estou, há quarenta dias, lendo um livro do Dumas pai (mais um), um dos últimos dele e preferido, chamado "A San Felice".
Estou com medo de terminá-lo.
Ele vai matar a todos.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Maria Antonieta


Os que acompanham este blog há mais tempo sabem de meu fascínio por momentos dramáticos da humanidade. Desde a lendária divisão dos sexos ocorrida na não menos lendária Lemúria, passando pelas progressivas destruições do continente atlante, até a nossa civilização. Aí, a revolução patriarcal do neolítico; as guerras entre os primeiros impérios; os gregos e suas Tróias e Termópilas; Roma e o advento do Cristo; as invasões bárbaras e o questionável silêncio medieval; a lenta agonia de Constantinopla e o golpe de misericórdia de Maomé II; as navegações; as Américas; a revolução francesa e as grandes guerras mundiais. Não falemos de hoje, que está tão perto que minhas vistas cansadas não conseguem ver. De todas, a que mais atrai é, sem dúvida, a revolução francesa. Apesar de parecer tolice, tenho simpatias pela aristocracia e, em especial, pela figura de Maria Antonieta. Muito me espanta a imaginação o contraste entre o luxo indizível de Versailles e o quartinho de 16 m2 da Conciergerie que ela ocupou em seus dois últimos meses de vida. Das filhas de Maria Teresa, também Marias, duas pode-se dizer que se destacaram na história. Mª Antonieta e Mª Carolina. A primeira foi rainha de França, a segunda do reino das Duas Sicílias. Após tanta leitura sobre essa época da história (leitura certamente ainda muito superficial), guardo de Mª Antonieta a imagem de uma mulher frívola que não soube perceber a revolução. Em seu pequeno mundo do Petit Trianon não via que havia ao seu redor um mundo em ebulição. Aqueles vinte últimos anos do século XVIII foram um daqueles grandes momentos dramáticos da história do mundo a que me referi. E Mª Antonieta não o viu; pelo menos até à fatídica noite de 5 para 6 de outubro de 89, quando uma turba de mulheres, instigadas por Marat (só podia) invadem Versailles e, por muito pouco, não foi ali mesmo que Antonieta deu adeus ao mundo. Desde então, durante os quatro seguintes anos, a rainha vai lentamente decaindo e a heroína (sim, ela sabia o que lhe estava reservado) aparecendo. As filhas de Mª Teresa eram mulheres fortes, como ela. Dadas à voluptuosidade, apreciavam os prazeres amorosos e, parece, nutriam carinhos especiais às suas favoritas. Grandes parideiras; Carolina teve dezoito filhos, Antonieta quatro. E só não os teve mais que a morte não lho permitiu. Carolina lutou com mais argúcia pela coroa e pela cabeça. A morte da irmã já lhe havia avisado do perigo. Carolina não teve demasiadas dúvidas quando teve que fazer rolar cabeças para preservar a sua. Antonieta não me parece ter sido uma mulher capaz de decretar a morte de alguém. Muito embora um colar de brilhantes podia mesmo alimentar muitas pessoas. Confortos de Rainha.

Fico pensando que, se aquele seu último ano e meio de vida fosse colocado na balança, em relação aos anos de Rainha ainda no poder, a balança se equilibraria.

Carolina preservou a coroa e a cabeça.

No 16 de outubro de 1793, Mª Antonieta foi guilhotinada e seu corpo enterrado, junto com a cabeça, em uma cova comum.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

coroai-me de rosas, maria...






















Coroei-te de rosas senhora, inda
os espinhos, que se me perfuravam os dedos...

Os certamente centenas de milhares de milhares de poemas escritos para se coroar alguém me fazem pensar: O que é coroar alguém de flores? Tecer uma grinalda com hastes e galhos e botões, costurando as fibras, os talos; uma arte. Arte perdida certamente. Ou quase. Quem hoje em dia sabe a técnica de se tecer uma coroa de flores? Na internet, procurando-se, nada se acha. Tenho vontade de conseguir as flores e tentar tecê-las. Tranças de três fios que são fáceis.
Bouganvilles, boninas, jatobás-mirins.
Mas e as rosas? Como pode ser possível trançar uma coroa de rosas sem se furar os dedos todos de espetadas? Os galhos das rosas são totalmente espinhentos...
e duros, e rígidos; não se vergam e os espinhos são fortes; não é à toa que os melhores cachimbos são feitos de galhos de roseira.
De forma que tecer-se uma coroa de rosas há de ser uma obra de arte.
Certamente que alguma outra estrutura vegetal deve servir de base para se entrelaçar as rosas, o que se deve fazer utilizando-se, seguramente, seus próprios espinhos. Mas para tal deve ser necessária uma grande dose de talento e arte.
Primeiramente para não sair logo de cara se espetando nos espinhos. É preciso conhecer a maneira de segurar o talo da roseira sem se ser ofendido pelo espinho.
Depois, há de se saber o lugar certo de cortá-la de forma a se poder aproveitar o desenho do galho e a direção da floração. Se bem que esta segunda parte é secundária, ou não.
Para isso, só se me afigura possível com o auxílio de uma segunda planta que, a princípio, deveria ser algum tipo de trepadeira. Ou seja, uma planta flexível,
onde se amarrariam, de forma agradável ao olhar e ao vestir-se, a grinalda. Ou seja, ela não deveria espetar quem a segurasse e nem parecer desarmoniosa aos que a vêem.
E aí entra toda a coisa do desenho, da escultura e da pintura. Esta no que diz respeito às cores das diversas qualidades de flores, e as nuances.
Em Pindorama eram as penas de mutuns, uirapurus, araras, cores iridescentes. As coroas de flores de nossos índios eram os endoapes.
Mas, voltando às rosas, havia de ser uma grande demonstração de amor e sacrifício tecer-se uma coroa com a rainha das flores, que certamente devia ferir bastante os dedos.
Mas havia algo mais nesse ritual de tecer e coroar. Era uma espécie de celebração da beleza e da vida, um culto também à natureza, à madre-terra.

Se não, vejamos em Anacreonte a relação das flores, especialmente das rosas rubras, com o vinho, com o amor e com as festas a Baco. Algumas invocações em fragmentos:

"A rosa dos amores
A Baco misturemos!
De rosas coroados
A taça levantemos!
O riso sobre os lábios,
Bebamos sob as rosas!
Rosa, glória das flores,
Da primavera encanto,
Mimo dos próprios deuses,
Nas cores volutuosas!
Ergamos nossas taças.
Bebamos sob as rosas!
Se o filho de Afrodite
Vai, na dança ligeira,
Dançar em meio às Graças,
Tu, rosa, estás-lhe ornando
A bela cabeleira!...
Oh! já! Trazei mimosas
Coroas! Soem liras!
Fronte cheia de rosas,
Eu vou dançar, Dionissos
Com a rapariga nova,
Os véus a voar nos ares,
De seios tremulantes,
Em torno aos teus altares!"

"Todos, coberta a fronte
De rosas -- rubra orgia --
Oh! vamor rir, bebendo
O vinho da alegria!"

"_Com a primavera coroada,
Louvor à rosa delicada!
Junta-te, amiga, a estes meus cantos!"

"_Do artista é objeto dos cuidados
Entre os discursos que ela excita.
Planta das Musas, delicada,
É doce até por seus espinhos,
Quando nos ferem nos caminhos
Flóreos, estreitos e aculeosos...

_Doce é, nas mãos tendo-a, aquecê-la
Com dedos moles, voluptuosos...
Ó suave flor! terna e ligeira
Incendedora de amores..."

_traduções de Almeida Cousin






















Ou entre as ruínas dos amorosos versos de Safo, as flores, os cantos, as danças, as tecituras:

frag. 8
] a morte - sim a a morte eu prefiro:
ela me deixava, e entre muitas
-------------

lágrimas falava [
Ah! quanto nós sofremos,
Psappho! contra a vontade, eu te abandono!
-------------
e eu lhe respondi, então:

vai na alegria, e guarda-me na lembrança:
sabes bem como nos prendemos a ti,
-------------
não sabes? Pois quero retirar
do esquecimento, para ti [ ] [ ]..
..[ ] quanto somos felizes,
-------------

e tan[tas grinaldas] de r[osas],
de aça[frão] e violetas
..[ ] a meu lado tecias,
-------------
e tantas guirlandas
[ ] no teu colo suave,
de flores trançadas [
-------------
e..tanto perfume de flor
preciosas [ ]..[ ].
ungias; feito para rainhas;
-------------
e, sobre um leito macio,
o desejo saciavas [ ]
por [

frag. 21
o doce feitiço destes cantos
eu vou tecer para as amigas


frag.30
antigamente, era assim que dançavam
a essa hora, as mulheres de Kreta;
ao som da música, ao redor do altar sagrado
dançavam, calcando sob os pés delicados
as flores tenras da relva

frag. 39
[poikíletai mèn
gaîa polystéphanos]

a terra coroada de flores,
trama de cores e brilhos

frag.42
entrelaça, com as mãos delicadas, guirlandas
de ramos de anis, e enfeita, ó Dika,
teus lindos cabelos; fogem as Khárites divinas
da moça que vem sem guirlandas, pois gostam

das preces trançadas no brilho das cores [

frag.43
] uma linda menina colhendo flores [

frag.44
] as meninas em flor

entrelaçavam guirlandas de flores [

-Todos os fragmentos são numerados de acordo com J.B.Fontes - Variações sobre a lírica de Safo - Estação Liberdade - 1992



Não sei se pelo tempo em que viveram o poeta e a poetisa, mas havia, certamente, uma relação mais íntima com a natureza. Hoje em dia nos parece, talvez, excessivamente 'florida' suas composições.
Mas somos nós que estamos por distante demais das flores, não?
Bem, as coroas, pelo menos, só as usamos nos cemitérios, por sobre os caixões.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Um sáfico a ela que sumiu























E se você sentou-se assim de frente
Só a fitar-me e a me fazer fitar-te,
Foi que agradou-te o meu olhar ardente
E a mim a arte,

Que do teu rosto luz à toda parte,
E me deixou no coração fremente
Um palpitar, um troço, um quase enfarte.
Mas que contente!

Durou bem pouco o sonho, pois, que a gente,
Que nada tem a ver co'o nosso à parte,
Interferiu no amor assim nascente
Ao afastar-te.

Só de Afrodite ou da sidônia Astarte
Espero o auxílio ao coração que sente
A ausência tua; quando ao invés de amar-te
Se faz silente.

domingo, 12 de outubro de 2008

Crise, que crise?



















Sobre essa história toda de crise, lembrei-me de duas coisas. De Criseida, a filha de Crisis, sacerdote de Apolo. Agaménon tomou a moça como escrava, o que provocou a ira de Apolo, que lançou uma praga entre os gregos. Aquiles sugere que se lhe devolvam a filha. Agaménon, o líder do exército grego, concorda. Mas como compensação decide tomar a escrava de Aquiles, Briseida (filha de Brisis). Em uma das passagens mais belas da Ilíada, o guerreiro cruel senta-se a beira-mar e chora a perda da amante. Com esse argumento Homero começa o poema épico mais famoso da literatura:

"Canta-me, ó deusa, do Peleio Aquiles
A ira tenaz, que, lutuosa aos Gregos,
Verdes no Orco lançou mil fortes almas,
Corpos de heróis a cães e abutres pasto:
Lei foi de Jove, em rixa ao discordarem
O de homens chefe e o Mirmidon divino."

Mas francamente, quem tem medo de Guimarães Rosa é porque não conhece Odorico Mendes, que é o dono de uma das mais antigas traduções para o português do poema Homérico; essa aí de cima. Chamou-me a atenção a imagem do verde adjetivando os heróis. Não sei de onde ele tirou esse verde. Não há nada disso no original. Mas é certo que os gregos associavam o verde, mais especificamente o verde-amarelado, à palidez e à morte. Mas a palavra para esse verde - chlorós - não consta dos primeiros versos da Ilíada. Há uma outra tradução, que ando procurando e que está fora de catálogo, de Carlos Alberto Nunes. Estou aguardando a resposta de um sebo onde parece que há um exemplar dela. Vamos ver. E eu continuo com meus helenismos, que comento aqui no blog porque não tenho mesmo ninguém para conversar sobre. Mas a gente vai vivendo.

A outra coisa que a crise me lembrou vocês já advinharam. É o disco de Supertramp que vocês podem ver na imagem acima.

Crise, que crise?

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

atualização

Estou trabalhando muito e não está sobrando tempo para o blog. Semana que vem vai rolar uma folga e então faço uma atualização mais decente. Apesar de ser um espaço bastante modesto, em setembro recebi 999 visitas, o que considero muito bom. Abraço a todos que dão as caras por aqui.
Josaphat

Provérbios gregos