domingo, 12 de outubro de 2008
Crise, que crise?
Sobre essa história toda de crise, lembrei-me de duas coisas. De Criseida, a filha de Crisis, sacerdote de Apolo. Agaménon tomou a moça como escrava, o que provocou a ira de Apolo, que lançou uma praga entre os gregos. Aquiles sugere que se lhe devolvam a filha. Agaménon, o líder do exército grego, concorda. Mas como compensação decide tomar a escrava de Aquiles, Briseida (filha de Brisis). Em uma das passagens mais belas da Ilíada, o guerreiro cruel senta-se a beira-mar e chora a perda da amante. Com esse argumento Homero começa o poema épico mais famoso da literatura:
"Canta-me, ó deusa, do Peleio Aquiles
A ira tenaz, que, lutuosa aos Gregos,
Verdes no Orco lançou mil fortes almas,
Corpos de heróis a cães e abutres pasto:
Lei foi de Jove, em rixa ao discordarem
O de homens chefe e o Mirmidon divino."
Mas francamente, quem tem medo de Guimarães Rosa é porque não conhece Odorico Mendes, que é o dono de uma das mais antigas traduções para o português do poema Homérico; essa aí de cima. Chamou-me a atenção a imagem do verde adjetivando os heróis. Não sei de onde ele tirou esse verde. Não há nada disso no original. Mas é certo que os gregos associavam o verde, mais especificamente o verde-amarelado, à palidez e à morte. Mas a palavra para esse verde - chlorós - não consta dos primeiros versos da Ilíada. Há uma outra tradução, que ando procurando e que está fora de catálogo, de Carlos Alberto Nunes. Estou aguardando a resposta de um sebo onde parece que há um exemplar dela. Vamos ver. E eu continuo com meus helenismos, que comento aqui no blog porque não tenho mesmo ninguém para conversar sobre. Mas a gente vai vivendo.
A outra coisa que a crise me lembrou vocês já advinharam. É o disco de Supertramp que vocês podem ver na imagem acima.
Crise, que crise?
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Josaphat, queria aprender grego. Numa época me inscrevi num curso de latim, frequentei tipo um ano, aí adoeci e não continuei. Tinha vontade de retomar uma língua antiga. Bacana viu.
ResponderExcluirBete querida,
ResponderExcluiro curso de extensão em grego clássico, aqui na UFMG, é bem barato por causa da pouca procura. Há o gasto com a gramática e o dicionário. A maioria dos textos originais encontra-se para download na internet. Há também alguns cursos online, como esse
didascalica
em português em que você pode experimentar o seu interesse. Estou certo que em SP não haverá dificuldades em encontrar extensões universitárias onde estudar o grego. Você pode também assistir às aulas como ouvinte sem pagar nada. Seria ótimo uma interlocutora. :)
abraço.