terça-feira, 29 de julho de 2008

imagens da agricultura















Não sei de quem é.

Passagem das horas

Quando a porta se fechou atrás de si, sentiu novamente aquele calafrio, que lhe vinha todas as vezes que percebia aquela imensa solidão. Seus olhos percorreram o pequeno espaço do úmido cubículo em que estava encerrada havia dois meses e meio. Pouco tinha para se olhar: a cama simples, onde no respaldo brilhava a única vela, e a cadeira. Dirigiu-se à cama e sentou-se, mirando a parede escura logo a frente. Ficou assim por uma hora talvez. Não havia pensamentos, apenas aquela sensação, um misto de vazio e silêncio. De certa forma, o que iria se passar era um alívio. O sofrimento já havia sido demais. Queria apenas descansar de tudo aquilo.

Despertou do torpor e chamou o guarda Gilberto. Pediu-lhe uma tesoura, papel e tinta. Ele consentiu no papel e tinta, mas na tesoura não. Ela sorriu-lhe tristemente e lhe disse que apenas queria cortar os cabelos. Ele mirou-a por alguns instantes, ainda em dúvida. Ela lhe tornou: _Uma tesoura não me dará uma morte digna, senhor Gilberto. Ele abaixou a cabeça, e assim, respondeu: _Aguarde um instante, senhora.

Daí a pouco voltou. Trazia o papel, a pena, a tinta e a tesoura. Deu-lhas pela abertura da porta.

Ela então se sentou na cama e, apoiando o papel sobre as pernas, escreveu sua última carta. Era endereçada à cunhada, a quem sempre se dirigia como irmã:


É a você, minha irmã, que escrevo pela última vez. Acabei de ser condenada, não a uma morte vergonhosa, pois esta é reservada apenas aos criminosos, mas agora irei encontrar seu irmão.”[...]


Terminou a carta, que Elizabeth nunca iria receber, e lhe veio de novo aquele choro compulsivo, com o qual já se acostumara. Os seus olhos, de uns tempos para cá, estavam sempre vermelhos e inchados pelas lágrimas constantes. Chorava não pela morte próxima. Talvez o fizesse pela separação dos filhos, por saber que nunca mais iria vê-los. Buscava na imaginação a imagem de seus rostos, de seus gestos e do tempo em que tudo ainda estava em seu eixo. Quiçá chorasse por aquele senhor, aquele conde que lhe roubara o coração. Amara o marido como marido, o conde, amara como homem. Foi o único. Mas as imagens vinham em névoa. O vazio requisitava o lugar.

Tomou da tesoura e cortou os cabelos rente à nuca. Os cabelos, que agora já brancos e sem vida, que já haviam desistido, e que um dia, dizia-se, foram os mais belos de todo o mundo. Embrulhou-os em um lenço e guardou-os em um canto. As cólicas voltavam e ela sentiu o sangue já a lhe escorrer pelas pernas. Decidiu deitar-se. A vela estava se acabando. A escuridão apropriava-se do pequeno quarto. O cansaço lhe veio ao corpo e ao espírito. Adormeceu.

Às cinco da manhã despertou. Às quinze para as seis, a criada entrou no cubículo e lhe ofereceu um caldo. Ela respondeu-lhe: _Filhinha, de que me serve isso agora? Ainda se utilizava daqueles termos com os quais sempre tratara os criados, quando se dignava a lhes dirigir a palavra. _ Deveis estar forte para hoje, senhora, tomai o caldo. Consentiu. Sorveu algumas colheradas. Mas o alimento não fazia sentido no estômago. Tudo que havia era o vazio. Agradeceu à criada e pediu uma bacia com água para limpar-se. Sangrou das cólicas a noite toda. A criada voltou e ajudou-a a se lavar. Em seguida, trocou de roupas. Colocou um vestido simples, branco, uma touca também branca e nada mais. Não sabia onde colocar o pano sujo de sangue, temia que o pegassem como um troféu, como despojo daquela guerra insana. Enfiou-o no vão da janela, mais acima, na vã esperança de que não o encontrassem. A criada, percebendo seu embaraço, recolheu o pano, e com o olhar, deu-lhe a entender que se desfaria dele.

Às oito chegou um homem que não conhecia. Anunciou-se como Sansão. Um estremecimento percorreu-lhe o corpo já bastante fraco. O homem, que era imenso, lhe disse que estava ali para cortar-lhe o cabelo. _Já vos poupei esse trabalho, senhor. Buscou o lenço no canto do quarto e entregou-lhe: __Senhor, peço-vos que os entregueis a meus filhos! _ Senhora, não estou aqui para isso. Volveu o carrasco. _Mas apenas para recolher-vos os bens que serão doados aos pobres, são as ordens do comitê de saúde pública. Ela insistiu e, nesse momento, Gilberto adiantou-se e ofereceu-se para tentar a tarefa, recolhendo as mechas e guardando-as no bolso da casaca.

Sansão recolheu o que havia no quarto além da cama e da cadeira e se retirou. Ela se sentou e ficou aguardando.

Às nove chegou o abade que lhe ouviria a última confissão. Recusou-o. Não poderia se confessar com um padre constitucionalista.

Às dez, a porta novamente se abriu e o gigante voltou. Trouxe uma corda que lhe atou as mãos atrás do corpo. Ela consentiu sem um gesto. Saíram do quarto. Ao chegar à porta, que dava para a rua, o primeiro choque: A luz do sol que não via há meses. Por um instante ficou cega. Quando os olhos se acostumaram com a luz, o segundo choque, a última humilhação: Seria levada à guilhotina em uma carroça aberta. Ao marido, deram-lhe uma carrugem, para que não fosse submetido aos insultos do povo. Mas para ela, a mulher, sempre o castigo, sempre a negação. Baqueou e teve de se encostar à parede. Uma nuvem negra turvou-lhe a visão. Mas logo recuperou o controle. Pediram-lhe que subisse ao carro. Subiu, seguida sempre pelo gigante que, pela corda, lhe segurava as mãos atadas. Por fim subiu o padre.

O cortejo seguiu pelas ruas da cidade. A distância da Consiergerie até a Praça da Revolução era de um quilômetro e meio. O cortejo percorreu o caminho em uma hora e quarenta minutos. Com a cabeça erguida, sem uma só vez dirigir o olhar para a multidão, que se apinhava em ambos os lados, seguiu o seu calvário. Mas a massa reconhecia a coragem e a dignidade daquela mulher. Eram poucas as palavras. Fazia-se um quase silêncio. Um quase sinal de respeito. Uma quase consideração.

Às doze, chegaram. Ela foi convidada a subir a rampa que levava ao cadafalso. Já em cima, sentindo o cansaço do esforço maior para manter a dignidade, cambaleou, pisando sobre o pé de Sansão, o carrasco: _Perdão, senhor, não foi por querer. Aquelas foram suas últimas palavras. Em seguida, lançou o olhar azul ao longe, para onde terminava a praça e a multidão. O carrasco a pegou pelos ombros e deitou-a na prancha, pousando-lhe a cabeça sobre a meia-lua de madeira. Olhou para o cesto logo à frente, para as manchas do sangue de outros tantos que ali estiveram antes dela e às quais, agora, iria se misturar o sangue dos césares e sorriu. Sentiu um leve frio de metal na nuca e, em seguida, apenas a sensação de topar com o fundo.

Às doze horas e quinze minutos, Maria Antonieta se encantou.



domingo, 27 de julho de 2008

Hassan






















Este é o Hassan, o meu cão. Ele vigia a casa. Às vezes vacila, mas no geral, sua presença garante uma certa segurança. Ele é, como se diz, vira-lata. Mas talvez haja um termo melhor..., mestiço? Um cão brasileiro. Hoje tomou banho. Não gosta. Quando percebe que vai tomar banho vem todo medroso, demorando e nunca se aproxima o suficiente. Tenho que buscá-lo. Às vezes tenho que carregar o indivíduo. Pesa 28 kilos. É ridícula a cena.
Aí se conforma. Durante o banho, vai relaxando e deixando de achar tão ruim. Não gosta do primeiro contato com a água. A gente também não gosta. Principalmente quando é fria e estamos no inverno. Mas já, agora, conformado, vai começando a apreciar. Quando termina, convido-o a se sacudir bastante que é pra economizar toalha. Ele se sacode, mas louco pela quentinho do algodão. Aí o enxugo. Caça depois um canto, ao sol, para se secar.
Então, é só prazer.

Um livro aos domingos, "Grande Sertão Veredas", João Guimarães Rosa

Hoje vou inaugurar um novo tipo de postagem. Todo domingo vou trazer um livro com links para leitura online, download e para se comprá-lo via internet. A postagem vai trazer uma imagem que, de preferência, não será da capa do livro. Como se trata de um ebook, vou me permitir publicar a imagem que eu quiser, a que eu achar que tenha a ver com o livro. A primeira postagem para essa categoria será uma homenagem aos cem anos de nascimento de João Guimarães Rosa, em um livro que considero o mais belo que já li da literatura brasileira e uma das maiores obras-primas da história do mundo. Eu e muitos outros.






















... “Enterrem separado dos outros, num aliso de vereda, adonde ninguém ache, nunca se saiba...” Tal que disse, doidava. Recaí no marcar do sofrer. Em real me vi, que com a Mulher junto abraçado, nós dois chorávamos extenso. E todos meus jagunços decididos choravam. Daí, fomos, e em sepultura deixamos, no cemitério do Paredão enterrada, em campo do sertão. Ela tinha amor em mim. E aquela era a hora do mais tarde. O céu vem abaixando. Narrei ao senhor. No que narrei, o senhor talvez até ache mais do que eu, a minha verdade. Fim que foi. Aqui a estória se acabou. Aqui, a estória acabada. Aqui a estória acaba. "...

Excerto do "Grande Sertão Veredas", de João Guimarães Rosa


Ebook em formato .pdf para download, ou para leitura online.

Compre o livro.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

A noiva de Corinto






















Na impossibilidade de ler "A História da Revolução Francesa" de Michelet (até tem, para consulta somente, aqui em nossa biblioteca pública, mas em francês), encontrei um outro seu livro, este para empréstimo, de nome "A Feiticeira". Estou lendo-o. No comecinho do livro, ele cita uma história antiga, contada por um tal de Flégon, nos tempos de Adriano, e que acabou chegando até os dias de hoje. Não vou fazer aqui uma interpretação, mesmo porque a sua forma de escrever é um tanto, propositalmente, intrincada. Cabe ao leitor decifrar a história.

Um jovem de Atenas vai a Corinto, à casa daquele que lhe prometera a filha. Ele continuava sendo pagão e não sabia que a família para a qual iria entrar acabara de se tornar cristã. Ele chegara bem tarde a Corinto. Todos já se haviam recolhido, menos a mãe de sua noiva, que o recebe, lhe dá de comer depois o leva a dormir. Ele morre de cansaço. Quando começa a ressonar, uma figura entra no quarto: É uma jovem, toda coberta por um véu branco, com uma faixa negra e dourada circundando a fronte. Ela o vê e, surpresa, levanta sua branca mão:
“_Será que já sou tão estrangeira nessa casa?... Ai de mim, pobre reclusa... Mas tenho vergonha, partirei. Repousa.
“_Fica, bela jovem - diz o rapaz; aqui estão Ceres, Baco, e, com tua presença, também o Amor! Não tenhas medo, não fique assim tão pálida!
“_Ah, quem me dera gozar ainda momentos de alegria! Mas em virtude de promessa feita por minha mãe doente, a juventude e a vida foram-me para sempre atadas. Os deuses me abandonaram. Agora, os sacrifícios são feitos somente com vítimas humanas.
“_Mas, como, serás tu! Tu, minha noiva amada, que me foi prometida desde a infância? Os votos de nossos pais nos ligam para sempre, sob a bênção do céu! Ó virgem! Sê minha!
“_Não, meu amigo. Não possuirás a mim, mas à minha irmã mais nova. Se eu chorar em minha fria prisão, pense em mim, nos braços dela, em mim que me consumo e não penso se não em ti; em mim, que a terra vai recobrir.
“_Não, eu reconheço esse ardor: é a chama do matrimônio. Tu virás comigo à casa de meu pai. Fica, minha bem-amada.
“Como presente de núpcias, ele lhe oferece um cálice dourado. Ela lhe oferta a sua corrente, mas, em lugar do cálice, prefere uma mecha dos cabelos do jovem.
“É a hora dos espíritos. Ela sorve com seus lábios pálidos o vinho cor de sangue. Em seguida,ele avidamente esvazia seu cálice. Embora com o coração fraquejando, ela ainda resiste. Mas ele se desespera e se lança chorando sobre o leito. Ela se aproxima e diz:
“_Ah, como tua dor me maltrata! Mas se tu me tocares, como me sentirás gelada! Branca como a neve fria, como o gelo, ai de mim, eis como é tua noiva....
“_Vem - diz o jovem -, eu te reanimarei! Quando tu abandonares o túmulo...
“Suspiros e beijos são trocados.
“_Não vês como ardo?
“O amor os aproxima, os une. As lágrimas se misturam ao prazer. Ela bebe, excitada, o fogo em sua boca. O sangue congelado transforma-se em ardor amoroso, mas o coração não bate mais em seu peito.
“Entretanto, a mãe espreitava, escutava tudo. Doces promessas, gemidos de dor e volúpia.
“Silêncio!”, diz a jovem, O galo está cantando! Até amanhã, à noite!
“Depois, adeuses beijos e mais beijos.
“A mãe entra, indignada e depara com a filha. O jovem procura protegê-la,
abraçando-a. Mas ela se liberta de seus braços, levanta-se e se dirige à mãe.
“Ó minha mãe, invejais minha felicidade, expulsastes-me para aquele lugar sem vida. Não estais satisfeita em me ter enrolado na mortalha e tão depressa me conduzido ao túmulo? Mas uma força levantou a pedra. Belas palavras vossos padres resmungaram sobre minha tumba! Que fazem o sal e a água, onde arde a juventude? A terra não esfria o amor! Vós prometestes; eu venho reclamar meu amado... Infelizmente, meu amigo, é preciso que morras. Tu desfalecerás, tu esfriarás aqui. Tenho comigo teus cabelos, amanhã eles estarão brancos... Mãe, uma derradeira súplica! Abri meu negro cárcere, fazei uma fogueira, e que os amantes tenham o repouso das chamas. Que cintilem as faíscas e se avermelhe a cinza! Nós caminharemos para junto de nossos antigos deuses .

Michelet, Jules em "A feiticeira", Círculo do livro - p.23

imagens da agricultura

















Autor: António Carvalho da Silva Porto (1850 - 1893)
Século: XIX
Ano: c. 1893
Tipo: óleo sobre tela
Dimensões: 90,5 x 129,3 cm
Local: Museu Nacional de Soares dos Reis (Porto)

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Os Cátaros e o equilíbrio entre as castas











Acabei, por estes dias, de ler um livro sobre o que foi um dos maiores genocídios da história, qual seja, o extermínio dos Cátaros, ou Albigenses. O catarismo foi uma filosofia, ou mesmo um modo de vida, assentado no que se poderia chamar de neo-cristianismo, ou, para ser um pouco mais preciso, de uma organização social baseada num cristianismo primitivo, orientado pelas relações fraternais entre os indivíduos, indepentemente de suas posições sociais, gêneros, condição econômica e opção religiosa. Desenvolveu-se de forma notável na região que, hoje, é o sul da França, e que ainda recebe o nome de 'languedoc'. O languedoc, ou occitânia, é onde se dizia 'oc', ao invés de 'ouc' que era o vocábulo francês 'sim'. O occitano é um dos idiomas mais parecidos com o português que já vi. Mistura de francês e espanhol, puxando mais para esta última. A sociedade cátara, habitante desta vasta e rica região, convivia com o mais da população - os católicos - de forma pacífica e amistosa. Os católicos occitanos frequentavam as residências cátaras e vice-versa. Além disso, e uma das coisas que mais me chamou a atenção, era a incrível movimentação que havia entre as classes sociais. Ainda que raros fossem os casamentos entre nobres e plebeus, ambas as castas conviviam e se frequentavam.
É aí que mais me impressionou o fenômeno cátaro. Uma comunidade fraterna, onde todos se irmanavam nas soluções dos problemas comuns, tendo a elite - a nobreza - o papel de financiar e administrar as benfeitorias públicas. A tolerância era de praxe, tanto entre cátaros, quanto entre os católicos.
Diferente de seus similares católicos, os sacerdotes e sacerdotisas cátaros, que trabalhavam sempre em duplas, como um casal, eram chamados de 'parfaits e parfaites', ou seja, 'perfeitos e perfeitas'. Esses títulos não os empregavam eles próprios, sendo as denominações dadas pela história, que foi contada, exclusivamente, pelos inquisidores católicos. Esses 'parfaits' e 'parfaites' viviam modestamente, visivelmente destoando do luxo e da pompa adotada pelo clero da igreja católica. O povo percebia.
O catarismo foi exterminado por ordem expressa dos Papas.
A Igreja não podia tolerar um cristianismo autêntico que pregava uma relação individual com Deus, que afastava, quase que totalmente, a mediação da religião instituída, sendo os seus sacerdotes e sacerdotisas incumbidos, praticamente, a só oferecer conselhos e cuidados aos necessitados. Não poucos eram médicos e médicas.
Não quero aqui discorrer sobre a questão da Inquisição e do imenso malefício causado ao mundo por essa Igreja de Roma. O que chamou-me a atenção e quero pontuar aqui era o equilíbrio social provido pela fraternidade e pelas ações de uma elite comprometida com o povo e o país. Era o Languedoc, então, como uma nação independente - ainda que o não fosse de fato, pois devia vassalagem ao Rei de França, mas uma vassalagem formal - com economia, território, religião, língua e administração próprias. Uma nação que prosperava e oferecia ao mundo de então, talvez não uma nova, mas uma forma de sociedade raramente encontrada em nossa história, onde as castas conviviam equilibradamente, onde não havia miséria - todos se ajudavam mutuamente - e onde as lideranças trabalhavam para o social e não para si mesmas. Quão diferente de hoje...
A Igreja de Roma, em algumas décadas, com o uso da violência de uma cruzada - cristãos contra cristãos - e da inquisição, varreu esta sociedade exemplar da face da Terra. Uns falam em um millhão de mortos, outros de algumas centenas de milhares. O certo é que muitos foram executados em fogueiras coletivas, onde às vezes, eram queimadas vivas nada menos que quatrocentas pessoas. Coisa inimaginável.
Fiquei pensando se é possível o sonho de uma sociedade justa. Quando vejo a elite, financeira e intelectual, que existe em este nosso país, penso no quão distante estamos daquele mundo dos Cátaros, onde a nobreza organizava e financiava multirões para se construir casas e obras públicas.
A nossa elite nunca se interessou pelo povo, a não ser para explorá-lo. E todas as tentativas que são feitas para beneficiá-lo são, imediata e radicalmente, obstruídas por aqueles que têm a obrigação ética de realizá-las, pois que melhor preparados, melhor nutridos, melhor estudados.
Urge, no Brasil, o surgimento de uma nova elite, identificada com os valores de nossa terra. Não essa, que aí está, e que carrega a fantasia de se achar norte-americana ou européia, por ter dinheiro no bolso e pouca melanina na pele.
Não sei se fantasio eu, mas uma hora virá que não mais poderão influenciar nos destinos do país. Não mais manterão seus privilégios à custa da mentira publicada e dos golpes bilionários abafados e ocultados da vista de todos por um poder corrompido.
Parafraseando a imortal Antígona, não acredito que a lei que aí está seja a lei dos deuses. É apenas a lei ocasional de alguns homens. Arriscar seguir esta lei de homens é arriscar trair as outras, dos deuses, pois estas não são de hoje nem de ontem mas de todos os tempos.
A esses, os poderosos ocasionais - ainda que uma ocasião de séculos - a lei dos deuses alcançará.
E o castigo, este será certo.
Pelo menos, sonhador ou não, crente ou não, é o que espero.

terça-feira, 15 de julho de 2008

O que não tem tradução

Não vou retirar o último post, foi sincero. Admito, no entanto, o abuso da linguagem.
Agora, há momentos que tudo o que se quer dizer é:
Foda-se!
Como disse um comediante, que vi outro dia, o foda-se é uma espécie de lavagem da alma.
Então, novamente: FODA-SE!
Agora com caps lock, que é pra ninguém duvidar.

Correram com o cara














Pode parecer ingenuidade e precipitação minha, mas com essa última notícia, do afastamento do delegado Protógenes do caso Dantas, a minha fé no governo Lula se diluiu pelo ralo. Depois de tantos anos acreditando numa mudança mais significativa para o Brasil, comandada por esse sujeito, depois de tantos embates com a reaça elitista e de sonhos de futuro para o meu país, me sinto esvaziado.
A decepção com Lula é total. Não preciso dizer que, nunca mais, aqui no blog, ou em outro qualquer lugar, o defenderei ou o apoiarei. Aliás, tornar-me-ei um de seus adversários agora. Se é para apoiar a corja do mal, então arrumem um espaço aí pra mim, tô dentro.
Na escola, como professor, onde tenho influência de formador de opinião, na rua, com os amigos, em todos os lugares. Para ele, para o sapo barbudo, não tem mais apoio não.
Agora vamos juntos com os Mainards, as Leitoas, as Hipólitos, e os outros canalhas.
Já que o Lulinha gosta tanto deles, vamos ajudá-los a enfiar a faca em suas costas.
O PHA tinha razão, o sapo barbudo tava metido na coisa.
Não há mais alternativas. O negócio é só cuidar de mim, e arranjar um jeito de ganhar dinheiro de forma desonesta. É esse o recado que nos foi dado.
Esse governo Lula nunca fez nada para melhorar minha vida de professor classe média mesmo. Então que se foda!
E fodam-se também todos esses políticos, que vão para o diabo que os carregue!

Mistérios de Pindorama



































A Pedra da Gávea e o Morro do Pão de Açucar, na Baía da Guanabara.

As pedras da baía, oferecem imagens interessantes, quando vistas de determinados ângulos, ou a determinadas horas.
Nas duas fotos, a anta e o fênix.
A anta, como se sabe, é o totem brasileiro. Arquétipo de um imaginário ancestral, se desloca no tempo, num sincretismo com a língua portuguesa (há Santo Antão), e se manifesta no planalto central, na tribo dos Xavantes, qual seja, a dos guardadores da chave da anta, um mistério de nosso passado pré-histórico. Diz-se, como pré-histórico, ao período anterior à chegada dos europeus portugueses, no século XV.
Há, ainda, na paisagem da Baía da Guanabara, inúmeras outras imagens, tanto zoo, quanto antropomorfas, formadas por pedras isoladas ou em conjunto com outras.
Mistérios, caras leitoras e caros leitores.
Mas muitos perguntam: _De que me serve isso?
Talvez não sirva para nada.
Mas os mistérios permanecem...

Ps. Acrescentei a imagem do gigante, 20 km de montanhas. Os pés, o Pão de Açucar, a cabeça é a Pedra da Gávea. Observando-se com atenção, vê-se o corcovado, em meio à atmosfera, como o falo do gigante.
Parece uma fotografia antiga, mas bem pode ser uma pintura.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

A Senhora Liberdade


















Hoje faz 219 anos em que o povo, numa explosão de som e fúria, como dizia Shakespeare, se rebelou contra uma tirania secular, e derrubou o símbolo da opressão. Que bom seria se a gente, aqui, no Brasil, nesse momento da história, derruba-se também um dos símbolos da nossa tirania particular. Não precisa dizer quem, né? Uma peça dessa é como a do dominó, gera efeito em cadeia.

Fora Gilmar Mendes!









Aqui em BH, a manifestação contra o Ministro e Presidente do Supremo Tribunal Federal, Sr. Gilmar Mendes, que libertou duas vezes, em menos de 48 horas, um bandido do colarinho branco, procurado pelo governo americano, suspeito de ser o responsável pela lavagem de bilhões de dólares de dinheiro sujo, entre outros diversos crimes mais. A manifestação, concomitante com outras mais, espalhadas pelas capitais dos estados, será às 10 horas do sábado, dia 19 de julho, na Praça da Liberdade. Deve ser mesmo um grito de libertação das tiranias de indivíduos, disfarçados de juízes (o Sr. Gilmar nem mesmo é juiz, foi indicado pelo então Presidente FHC, com base no quinto constitucional, ele é advogado), e que fazem e fizeram, ao longo dos séculos, aqui em Pindorama, os piores descalabros judiciários, mandando prender inocentes, e soltar criminosos, como esses últimos: Daniel Dantas, Nagi Nahas e Celso Pitta. Entre outros. O próximo passo do Sr. Ministro deve ser o de mandar soltar o outro, Sr. Humberto Braz, que se entregou espontaneamente (tá com medo de morrer) e se encontra preso na PF, em São Paulo.
Há, também, uma petição on line pedindo a saída do Ministro Gilmar Mendes. Você pode encontrá-la aqui.
Vamos participar gente, é simples e importante ao país. Muita coisa pode mudar se esse movimento for em frente.
É isso aí.
Ps. Quem quiser se informar melhor, pode dar uma olha nos blogs do Paulo Henrique Amorim, do Luis Nassif e do Idelber Avelar.

domingo, 13 de julho de 2008

ode a afrodite






















Meus conhecimentos do grego antigo ainda são muito superficiais, o que não poderia deixar de ser, pois só o estudo há coisa de um ano e meio.
No entanto, me permiti esta tradução, que deixo aqui no blog. Foram três semanas de embates com o eólico de Safo, com o qual não estava acostumado, nem ainda estudado. Ainda que as diferenças se dêem, principalmente, na ortografia das vogais, há os casos de contrações, que, por conseguinte, também se processam de forma diferente do ático. Também notei os redobros de consoantes, tais como o sigma e o rô, entre outros fenômenos que são próprios do grego épico e mais antigo. Não foi possível manter a estrofe sáfica. Mesmo porque ainda sou neófito com a versificação e a métrica. Fiquei satisfeito em ter obtido os quatro versos por estrofe, coisa que, ainda que tenha dado trabalho, foi compensador. Espero não ter feito muito feio. Estou aberto às críticas e sugestões das centenas de estudantes de grego antigo e helenistas que visitam estas paragens.


"Ποικιλόθρον', ἀθάνατ' Ἀφρόδιτα,
παῖ Δίος, δολόπλοκε, λίσσομαί σε
μή μ' ἄσαισι μήτ' ὀνίαισι δάμνα,
πότνια, θῦμον·

ἀλλὰ τυῖδ' ἔλθ', αἴποτα κἀτέρωτα
τᾶς ἔμας αὔδως ἀΐοισα πήλυι
ἒκλυες, πάτρος δὲ δόμον λίποισα
χρύσιον ἦλθες

ἄρμ' ὐποζεύξαισα· κάλοι δέ σ' ἆγον
ὤκεες στροῦθοι περὶ γᾶς μελαίνας
πύκνα δινεῦντες πτέρ' ἀπ' ὠράνω αἴθε-
ρας διὰ μέσσω.

αἶψα δ' ἐξίκοντο· τὺ δ', ὦ μάκαιρα,
μειδιάσαισ' ἀθανάτῳ προσώπῳ,
ἤρε', ὄττι δηὖτε πέπονθα κὤττι
δηὖτε κάλημι,

κὤττι μοι μάλιστα θέλω γένεσθαι
μαινόλᾳ θύμῳ· τίνα δηὖτε Πείθω
μαῖς ἄγην ἐς σὰν φιλότατα, τίς σ', ὦ
Ψάπφ', ἀδικήει;

καὶ γὰρ αἰ φεύγει, ταχέως διώξει,
αἰ δὲ δῶρα μὴ δέκετ' ἀλλὰ δώσει,
αἰ δὲ μὴ φίλει, ταχέως φιλήσει
κωὐκ ἐθέλοισα.

ἔλθε μοι καὶ νῦν, χαλεπᾶν δὲ λῦσον
ἐκ μεριμνᾶν, ὄσσα δέ μοι τελέσσαι
θῦμος ἰμέρρει, τέλεσον· σὺ δ' αὔτα
σύμμαχος ἔσσο."

(Σαπφοῦς)


"Imortal Afrodite, de bem talhado trono,
filha de Deus, tecedora de intrigas,
rogo-te: não subjugues com dores e culpas,
Deusa, a minh' alma!

Mas vem a mim! pois nem outrora, quando
ao longe, os meus clamores escutando,
quizeste, de teu pai, deixar a casa
em tua áurea carruagem.

Os belos e mui velozes pardais
conduzem-te por densas vastidões,
em meio ao firmamento, de infi-
nito éter.

Logo chegando. E oh, tu, a mais feliz,
sorrindo em tuas faces sempiternas,
perguntas-me agora o que sinto,
e porque agora o meu apelo,

E o que mais quer o meu coração
aflito ver. Qual queres que, das belas,
ao temível amor convença, oh Safo,
qual que te rejeita e injuria?

Pois que se foge, te tão logo segue,
e se presentes recusa, logo os dará,
e se ainda não ama, em breve amará,
ainda que o negue.

Agora vem! De dor e anseios livra-me
e o quanto a alma, a completude anseia
há tanto, dê-lho, e sê, de mim,
amiga enfim."

(Safo)


Tradução de Josaphat Neto.
Fiz consultas em:

_Safo lírica, de Haddad, Jamil Almansur, Ed. Cultura, S.Paulo, 1942 e
http://classicpersuasion.org/pw/sappho/sape01u.htm#fr001

sábado, 12 de julho de 2008

para Xangô

















Aquarela sobre papel
21 x 29 cm
2004

quinta-feira, 10 de julho de 2008

imagens da agricultura

O juizão safou-o






















O supremo juiz soltou os bandidos. Ele alegou, para conceder o habeas-corpus, que não havia provas suficientes que justificassem a prisão temporária dos acusados.
Deixa eu entender então: O indivíduo tentou subornar um delegado da Polícia Federal, que fingiu aceitar o suborno, sob orientação do magistrado que acompanhava o inquérito, a fim de dar mais corda para o bandido se enforcar, tudo documentado, gravado, filmado, dentro dos critérios da justiça.
E o nosso extraordinário ministro, da nossa excelsa suprema corte, manda soltar.
É triste ver este velho filme passar de novo.
Mas não tem revolta não, tá todo mundo vendo.
As máscaras, se é que ainda existem, estão caindo.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Esta tem que ser divulgada

Do site charges.com.

Sinal dos tempos

Não consigo mesmo deixar de me envolver com as coisas da política. É esta parte concreta, imediata da existência. E gosto também. Nesse último episódio das várias prisões, feita pela polícia federal, de colarinhos brancos, é até mesmo emocionante acompanhar. Assisti agora ao vídeo, linkado pela imagem abaixo, e fui me dando conta de algumas pontas, de alguns fios da intrincada e embaraçada teia do cenário atual do país. O nosso presidente, de nossa maior corte jurídica, não sei se é a palavra certa, mas esse senhor está, visivelmente, se embaraçando na teia.
Ontem, num arroubo de falso moralismo, criticou a ação da polícia federal, utilizando-se de palavras grosseiras, como 'canalhice', para se referir aos procedimentos adotados pelos federais.
Que nunca, em nossa história, prendeu tantos ricos criminosos.
O que levou a corte suprema a, nunca, tanto soltá-los.
No entanto, como já bem alertou, mui ironicamente, o Paulo Henrique Amorim, em seu site, o encarceirado banqueiro, e foco de inúmeras acusações de crimes contra o erário público, Daniel Dantas, encontra-se, parece, fodido.
Desculpem a expressão.
Já que as organizações Globo, deram um recado bem claro, que não estão muito interessados em 'livrar a cara' do sr. Dantas. E, muito pelo contrário, iniciaram, ainda que tímida, campanha para queimá-lo.
Se é que é possível um cara como o Daniel Dantas estar fodido. Bilionário? No Brasil?
Só vendo para crer.
Mas voltanto ao nosso querido ministro, este, teve que tirar o pé do pedal quando viu onde estava pisando, sabendo já da 'tendência' em que as coisas estavam caminhando, ou seja, a Globo vai mandar o Dantas para o pau.
É interessante ver a Globo dando voz ao governo Lula. Ainda que em causa própria.
O vídeo mostra um Dantas com cara de culpado fingindo-se de coitadinho e um Ministro da justiça seguro e objetivo.
O nosso excelso Juiz o que vai fazer agora?
Adiou a decisão sobre os habeas-corpus para amanhã.
Será que vai voltar atrás?

sábado, 5 de julho de 2008

Poema ufanista

















Filhas e Filhos do Kosmos...
... e de Tupis e Áfricas sagradas,
e hermosos Portugais
nós somos.
Proliferam-se as flores
e abelhas e rosas.
De antas, e pacas, tatus;
Xavantes, Tapuias e sárx,
entre estes, todos
ocultaram-se à visualização
das "xaves" helênicas orgânicas e
de atlântidas sumérias e
de sulaméricas-fenícicas,
floraclóricas nos fizemos.
E com atos e efeitos serumanominais e
tão sublimes
quanto
os Átenas e Dórios,
todos tortos;
também tosaram
os cabelos de Astartês
dos sertões, e de
Diadorins e Tróias abundantes;
e Ártemis e
Deméters sagradas.
Chega a onda
que vem de longe
e geme no tempo,
e Tétis não
pode pará-lo,
impedi-lo de
levar-lhe embora
o adorado guerreiro,
Tupi de tao bugre
história.
De Ílio tão
antiga como a anta,
como yara, ou uiara,
ou aiuuiara,
sereia, sirene, Silena.
Helena, de belas luas-madeixas,
e queixas de pedidos,
com toques nos queixos tão lindos,
os toques e gestos faceiros,
nas faces sublimes quão
já, servil e sedudora Rainha,
sujeita Páris, Heitores e Aquiles,
e Menelaus na rinha.
E de se estar-se sujeita
ao cio da Terra, que
a Lua, de novo,
empurra
às antigas e novas
freqüencias, de
Frânciscas-Fenícicas
Guilhotínicas luzes,
declarações e
testamentos; dizem,
que a história do mundo
inda é torpe por demais,
e vil.
O resto da história
cabe ao Brasil.

Poema megalomaníaco.

Helenismo - Ártemis






















Tenho andado rodeando Safo e Anacreonte. Este, há mais tempo, essa por agora. Tenho tentado umas traduções, mas a coisa é muito lenta, ainda estou engatinhando o grego. Por enquanto fica um mestre.

de Safo

Em torno à Silene esplêndida
os astros
recolhem sua forma lúcida
quando plena ela mais resplende
alta
argêntea

Morto o doce Adônis,
e agora,
Citeréia,
que nos resta?
Lacerai os seios,
donzelas,
dilacerai as túnicas.
.
(tradução de Haroldo de Campos)

Aqui, a segunda estrofe, em grego:


Κατθνάσκει, Κυθέρη', ἄβρος Ἄδωνις, τί κε θεῖμεν·
καττύπτεσθε κόραι καὶ κατερείκεσθε χίτωνας.


Diz a lenda que Ártemis teria morto a Adônis,
mortal mais amado pela Cíterea
Afrodite de longos cabelos.
O fez por ter a deusa do Amor
matado a Hipólito,
por vingança.

Hipólito, filho do primeiro casamento de Teseu com a rainha amazona Hipólita, era adorador da deusa Ártemis, irmã de Apolo, o Sol, a padroeira das matas e da caça, a Lua. Era ela, também, conhecida pela castidade. Hipólito, assim, devoto da deusa, seguia seus preceitos de vegetarianismo e castidade. Afrodite passou a odiá-lo, pois que o jovem insistia em negar-lhe devoção, nem mesmo simples oferendas. Ele a desprezava.
Pois a deusa do Amor, em vingança, tramou uma situação em que Hipólito, sem o saber, despertou o amor de Fedra, atual esposa de seu pai e, portanto, sua madastra. Esta, outra vítima da Cípria (um dos epítetos de Afrodite), acaba se suicidando, para evitar a vergonha por ter seu amor sido descoberto pelo amado, que o rejeita violentamente, e pela inevitável condição de adúltera diante do marido, Teseu. Antes de se matar, deixa um bilhete, numa plaquinha de madeira, onde acusa Hipólito de tê-la violentado. Teseu, lendo o bilhete, tirado das mãos da esposa morta, infla-se de ódio e indignidade pelo filho e, para não matá-lo, exíla-o da cidade, além de rogar-lhe uma praga de morte, pedida a seu protetor Poseidon, que o atende matando a Hipólito. Ártemis então, revela a Teseu a intriga de Afrodite e promete-lhe, em sua dupla dor, da perda da amada e, da injustiça praticada contra o filho, vingar-se, matando a Adônis, preferido de Afrodite.
A história, do ciclo heróico, faz parte da história da cidade de Atenas, sendo Teseu, um de seus mais conhecidos reis.
O resumo que fiz acima é horrível. A história sempre se repete e, o que conta, é a maneira de contá-la. Por isso os gregos repetiam tantas vezes as mesmas. Aliás, continuam sendo repetidas. A história se repete, repito.
Eu não sou um bom contador, mas para quem se interessar por uma história bem contada, há uma versão online, da clássicos jackson, do "Hipólito" de Eurípedes, aqui.
E da "Fedra" de Racine, da mesma coleção, aqui.
Ambas em português.

Mais uma postagem abobrinha.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

O Brasil mais real

Eles tentam de todas as maneiras inventar uma "outra realidade".

O PIG é claro. Uma realidade que só existe nas páginas de jornais e revistas, e nas línguas de âncoras de jornais de televisão.

A realidade, mesmo, é bem outra.

Esta foto trouxe do blog do favre.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Por que a elite odeia o povo? ou Quem é o burro?






















Em uma aula sobre Camões, escrevi no quadro: OS LUSÍADAS.
Dado um tempo, alguém pergunta: _Professor, o que é lusiádas?
Pedi um nome indígena que tivesse a palavra "oca" (casa em tupi-guarani).
Escreveram: esquinocariol (uma cerveja que se chama schincariol).
Para o mesmo herculíneo desafio: ocapitão, ocavalo, ocachorro.
De onde vêm os indígenas ? Da Ìndia, é claro.
Eu não odeio o povo pela sua ignorância, mas confesso:
esquinocariol me faz rir e
ocachorro me dá um tédio danado.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Uma revolução que não é pelas ondas do rádio


A foto é da quadrilha que houve lá na escola, semana passada.

Tenho visto nos jornais, aqui em BH, nas bancas de revista. Não os compro, vejo só as manchetes da capa. Folheio-os às vezes. Todos batem na tecla da volta da inflação. Um senhor ao lado, conversava com o jornaleiro, e percebi sua preocupação com a notícia. À noite, chegando à escola, folheei o jornal "O tempo" e estava lá, a mesma notícia, de que a inflação era uma grande ameaça ao país. A manchete chamava para os duzentos e tantos por cento de inflação durante o plano real. Ora, todos sabemos que houve e há inflação em todos esses anos. O plano real é de 1994, se não me engano. O que eles não mostravam, em trecho algum da reportagem, era o último índice medido de aumento dos preços. Quer dizer, coloca-se uma manchete com a palavra inflação e o valor medido nos últimos anos: 247%. Tem pai que é cego né. Me engana que eu gosto. Só que os bobos não são muitos. Eles, os mesmos bandidos de quinhentos anos, a elite branca segregacionista, que não entende e não aceita que os tempos, de alguma forma, mudaram. Há uma nova sensação. Não se acredita mais em uma realidade publicada. A realidade é, pelo menos, algo mais próximo; é a mercearia, a loja, ou o botequim da esquina. Muitos temem um golpe. Eu digo para esses: Não temam, não haverá golpe. A revolução é silenciosa.

Provérbios gregos