domingo, 13 de julho de 2008

ode a afrodite






















Meus conhecimentos do grego antigo ainda são muito superficiais, o que não poderia deixar de ser, pois só o estudo há coisa de um ano e meio.
No entanto, me permiti esta tradução, que deixo aqui no blog. Foram três semanas de embates com o eólico de Safo, com o qual não estava acostumado, nem ainda estudado. Ainda que as diferenças se dêem, principalmente, na ortografia das vogais, há os casos de contrações, que, por conseguinte, também se processam de forma diferente do ático. Também notei os redobros de consoantes, tais como o sigma e o rô, entre outros fenômenos que são próprios do grego épico e mais antigo. Não foi possível manter a estrofe sáfica. Mesmo porque ainda sou neófito com a versificação e a métrica. Fiquei satisfeito em ter obtido os quatro versos por estrofe, coisa que, ainda que tenha dado trabalho, foi compensador. Espero não ter feito muito feio. Estou aberto às críticas e sugestões das centenas de estudantes de grego antigo e helenistas que visitam estas paragens.


"Ποικιλόθρον', ἀθάνατ' Ἀφρόδιτα,
παῖ Δίος, δολόπλοκε, λίσσομαί σε
μή μ' ἄσαισι μήτ' ὀνίαισι δάμνα,
πότνια, θῦμον·

ἀλλὰ τυῖδ' ἔλθ', αἴποτα κἀτέρωτα
τᾶς ἔμας αὔδως ἀΐοισα πήλυι
ἒκλυες, πάτρος δὲ δόμον λίποισα
χρύσιον ἦλθες

ἄρμ' ὐποζεύξαισα· κάλοι δέ σ' ἆγον
ὤκεες στροῦθοι περὶ γᾶς μελαίνας
πύκνα δινεῦντες πτέρ' ἀπ' ὠράνω αἴθε-
ρας διὰ μέσσω.

αἶψα δ' ἐξίκοντο· τὺ δ', ὦ μάκαιρα,
μειδιάσαισ' ἀθανάτῳ προσώπῳ,
ἤρε', ὄττι δηὖτε πέπονθα κὤττι
δηὖτε κάλημι,

κὤττι μοι μάλιστα θέλω γένεσθαι
μαινόλᾳ θύμῳ· τίνα δηὖτε Πείθω
μαῖς ἄγην ἐς σὰν φιλότατα, τίς σ', ὦ
Ψάπφ', ἀδικήει;

καὶ γὰρ αἰ φεύγει, ταχέως διώξει,
αἰ δὲ δῶρα μὴ δέκετ' ἀλλὰ δώσει,
αἰ δὲ μὴ φίλει, ταχέως φιλήσει
κωὐκ ἐθέλοισα.

ἔλθε μοι καὶ νῦν, χαλεπᾶν δὲ λῦσον
ἐκ μεριμνᾶν, ὄσσα δέ μοι τελέσσαι
θῦμος ἰμέρρει, τέλεσον· σὺ δ' αὔτα
σύμμαχος ἔσσο."

(Σαπφοῦς)


"Imortal Afrodite, de bem talhado trono,
filha de Deus, tecedora de intrigas,
rogo-te: não subjugues com dores e culpas,
Deusa, a minh' alma!

Mas vem a mim! pois nem outrora, quando
ao longe, os meus clamores escutando,
quizeste, de teu pai, deixar a casa
em tua áurea carruagem.

Os belos e mui velozes pardais
conduzem-te por densas vastidões,
em meio ao firmamento, de infi-
nito éter.

Logo chegando. E oh, tu, a mais feliz,
sorrindo em tuas faces sempiternas,
perguntas-me agora o que sinto,
e porque agora o meu apelo,

E o que mais quer o meu coração
aflito ver. Qual queres que, das belas,
ao temível amor convença, oh Safo,
qual que te rejeita e injuria?

Pois que se foge, te tão logo segue,
e se presentes recusa, logo os dará,
e se ainda não ama, em breve amará,
ainda que o negue.

Agora vem! De dor e anseios livra-me
e o quanto a alma, a completude anseia
há tanto, dê-lho, e sê, de mim,
amiga enfim."

(Safo)


Tradução de Josaphat Neto.
Fiz consultas em:

_Safo lírica, de Haddad, Jamil Almansur, Ed. Cultura, S.Paulo, 1942 e
http://classicpersuasion.org/pw/sappho/sape01u.htm#fr001

3 comentários:

  1. Esse blog é o que há! Que bom tê-lo conhecido.]

    Um abração e obrigada.
    Viviane

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  2. Viviane, e.mail me contando o que você tem lido, onde mora e estuda. Está aprendendo o grego então? Um abraço!

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