sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Agradáveis exames






















Tenho estado às voltas com exames. Não aqueles dos colégios, mas os outros, dos laboratórios. Hoje fui tirar sangue, coisa que adoro. Adoro tanto que venho pensando sobre isso há vários dias. Pois bem, chegando lá, cedo, no laboratório que sempre vou, pois confio, apresentei os papéis e aguardei. Tirei o livro que estou lendo, pois o levei para, durante a espera, ter no que pensar que não fosse a minha iminente perda de sangue.
Para mim, o sangue não é só aquele líquido vermelho e viscoso que vemos a escorrer de nossos cortes e ferimentos. Há um outro sangue (ou outros) que acompanha o primeiro em outro plano, e que é responsável pela vivificação dos outros corpos mais sutis que possuímos tal como é a minha crença.
Pois bem, comecei a ler o livro, mas não consegui prestar a atenção necessária ao ato da leitura. Então guardei-o. Resolvi então escandir uns versos que estou preparando para um trabalho lá da escola. Aí funcionou. Estava escandindo o décimo verso quando me chamaram. Como ADORO tirar sangue estava até tranqüilo. A moça que ia fazer o serviço olhou-me como se numa prática habitual de examinar o paciente para decodificá-lo e saber se teria ou não problemas. Percebi que ela percebeu que eu não lidava muito bem com aquilo. Conduziu-me ao local da sangria (onde havia outros sendo sangrados), convidou-me a guardar minhas coisas e sentar, perguntando-me em seguida em qual braço queria eu tomar a picada. Ofereci o direito pois já havia pensado nisso antes e concluído que este era o que haveria de se portar melhor na operação. Ela examinou o braço e pediu-me o esquerdo. Protestei mas ela me disse que tinha que examinar os dois. Mentira, pois acabou atacando o braço esquerdo que era o que eu não queria.
Antes, porém, perguntei-lhe quantos tubos ela iria tirar. Disse-me que dois. Aliviei. Falei-lhe que dois era um número bom pois mais do que isso correríamos perigo. Ela riu e me tranqüilizou o quanto pôde.
Começou a operação e fiquei prestando atenção a meu corpo. Percebi que o primeiro tubo já havia ido; não estava olhando é claro. Quando iniciou-se o preenchimento do segundo tubo comecei a sentir uma espécie de desprendimento do corpo. Era o sinal que iria passar mal. Pensei: Muita calma nessa hora. Iniciou-se em seguida uma sensação de ânsia de vômito com sede. Comecei a rezar para aquilo acabar logo - tudo durou a espantosa eternidade de quarenta segundos. Aí senti que ela tirava a agulha e quase fiquei feliz com o fim do procedimento. (não era humanamente possível estar-se feliz em um lugar como aquele, não é?)
Ela, durante a intervenção, foi toda gentil e eu a amei por isso.
Ao terminar, perguntou-me se estava bem e eu disse que sim e que só sentia muita sede. Foi buscar água. Quando voltou perguntou se eu estava com ânsia de vômito ( a danada conhecia até minh'alma pelo visto) porque se bebesse a água nessas condições iria fatalmente vomitar. Dei só um golinho.
Eu estava bem. Um tanto tonto apenas. Atentei que se houvesse mais um ou dois tubos, teria mesmo passado mal, o que significa (podem rir) desmaiar.
Levantei - ela sempre gentil indagando se estava tudo bem e eu dizendo que sim - peguei minhas coisas, me dirigi ao local onde havia um lanche esperando por mim e aí comi quatro deliciosos pedaços de um excelente bolo de banana, além de dois também agradabilíssimos cafezinhos.
Então me despedi da moça - seu nome era Luciana - e parti.
Não adianta, tenho pavor de tirar sangue. Podem tirar onda se quiserem, mas garanto que, diferente de vocês, não dou a mínima ao motorzinho do dentista.

Um comentário:

  1. Sabia que eu sou o contrário? Tiro sangue na boa, mas enterro as unhas na cadeira do dentista. Vai entender a gente né?

    ResponderExcluir

Provérbios gregos