segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Manifestação a favor da Educação



O vídeo é da passeata que fizemos na noite de quinta feira, 27 de novembro, no coração de Contagem. Éramos pouco mais de mil: 200 professores e o restante de alunos e pais, além dos espias do governo, claro. Protestávamos contra a implantação do pró-jovem no município, que estava (e ainda está) sendo feita autoritariamente e sem qualquer diálogo com as escolas e a comunidade. A prefeitura (que é do PT, mas que junto com a de BH, está tendo um caso com o governo Aécio Neves) nunca deu a menor bola para os professores. Nossas manifestações sempre foram sumariamente ignoradas. E como a unidade da categoria não existe, fruto de um quadro docente onde predominam professoras já em fim de carreira, que sempre furam as greves, conformadas que são com as coisas e com as suas tristes vidas, vamos engolindo o desdém.
No entanto, a manifestação que vocês viram acima surtiu efeito. Não foi por causa do descontentamento dos professores, mas sim pela presença maciça das comunidades. Que tomou o microfone e se posicionou criticamente com relação às mencionadas reformas que obrigariam alunas e alunos a se deslocarem do bairro, à noite e, em muitas casos, a pé. Entre outras coisas. O que a prefeitura quer é passar a mão no dinheiro do governo federal para substituir a sua própria responsabilidade, o seu próprio e obrigatório gasto com a educação do município. Como, para poder receber a verba, tinham eles (os burocratas politiquentos da secretaria de educação) que iniciar com mais de mil alunos o pró-jovem, decidiram tirá-los da EJA. Não querem ter que gastar dinheiro com a necessária campanha para mobilizar o público-alvo do programa federal: o jovem de periferia, desocupado e perdido, que se encontra com um pé (se não os dois) no crime. Então resolveu a prefeitura se apropriar dos alunos da EJA que são, em sua maioria empregados, que trabalham o dia inteiro e à noite vão à escola, e que não estão interessados em pró-jovem e nem em ter que se deslocar para longe do bairro onde moram, principalmente à noite, depois de um dia de trabalho.
A prefeita Marília Campos suspendeu a operação. O melhor para ela é deixar de ser autoritária e dialogar com a escola e a comunidade. Somos nós que podemos diagnosticar os alunos com o perfil que o pró-jovem demanda. Nós é que estamos no contato real e cotidiano com a comunidade. A prefeita retrocedeu por causa do envolvimento da comunidade. Nós, professores, sozinhos, no Brasil, somos nada apesar de muitos. Mas o povo, e isso foi o mais bonito, tem poder. A passeata me lembrou muito aquelas das Diretas-já, lá nos distantes anos oitenta. Havia um sentimento de união e harmonia: não houve um só incidente, a população abraçou a manifestação, ainda que esta lhe impedisse de pegar o ônibus, de chegar em casa; mesmo os motoristas, que tiveram que aguardar quase meia hora a liberação da Av. João César de Oliveira ( uma das principais da cidade), não buzinaram uma vez sequer. Foi mesmo bonito.
Power to the people!

2 comentários:

  1. Olha, quero parabenizar vocês pela consciência de cidadania! Sou professora no Município de Campos dos Goytacazes, RJ e tenho vivido um momento muito crítico, pois aqui, a política dirige a Escola. A democracia, que foi conquistada por pessoas como vocês, está esquecida. Só que estamos estacionados na 1ª parte de sua frase que diz: "Nós, professores, sozinhos, no Brasil, somos nada... Mas espero ansiosa que, como vocês, também possamos nos unir à comunidade para buscarmos um único alvo: O bem da Comunidade.

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  2. Olha, Mônica, cara colega, as coisas têm o seu tempo. Temos muito ainda o que caminhar. Mas, estou certo, depois de nós o mundo será, seguramente, melhor.
    Uma abraço e obrigado pela visita.

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