terça-feira, 18 de março de 2008

My lai


As guerras fazem parte da história do gênero humano. Absurdas, bestiais, sanguinárias e outros adjetivos semelhantes mais eu poderia citar. Umas foram quiçá necessárias. Quero dizer, nunca fomos tão esclarecidos de nossa humanidade como o somos hoje. Nunca tivemos, no mundo, tantos contra as violências e a favor da paz. Pagamos, no entanto, um preço alto. Houve vezes que, esgotadas todas as possibilidades de diálogo, tivemos de nos bater. Precisávamos nos defender e à nossas famílias e ao nosso mundo, àquilo em que acreditávamos. Veio um mestre do amor e nos ensinou a oferecer a outra face. Este mestre mudou o mundo, todos o sabem. Hoje, o sangue não nos entusiasma mais. Pelo menos não a mim. Mas o que teria sido do mundo se não fosse a batalha de salamina ou a de estalingrado? A liberdade, como dizia Cecília Meireles, é palavra que ninguém explica mas todos entendem. Me atrevo, com todo o respeito à grande poeta, a corrigi-la: ninguém entende a liberdade, mas todos a sentem. É um sentimento que não se explica, como quase todos aliás. Há 40 anos atrás, em uma guerra, esta sim sem sentido, injusta e covarde. Há 40 anos, soldados norte-americanos, em uma pequena aldeia vietnamita, realizaram aquilo que só pode ser próprio de um ser humano, pois de tal vileza são incapazes as bestas, os animais. Então, foram mortas mais de 500 pessoas, entre velhos, mulheres e crianças. Executadas uma a uma, sem piedade, sem razão, movidos por aquele tipo de ódio que só humanos são capazes. Isto sim é o absurdo de todas as guerras. Os mongóis de Gengis-kan fizeram o mesmo. Mas não se pode comparar o barbarismo destes com soldados da, já então, maior potência do planeta. Estes soldados (podemos chamá-los soldados?) não tinham, nem de longe, este direito. Então, enquanto não abandonamos por de vez as guerras e a violência irracional, vamos celebrar. Vamos celebrar esta barbárie que completou anteontem 40 anos. Um dia, ainda vamos celebrar outra coisa bem diferente: uma verdadeira fraternidade entre os povos.

ps. Se alguém se interessar por maiores informações:
aqui e
aqui

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