sábado, 14 de junho de 2008

Jamelão



Uma das coisas que estou certo de ter sido privilegiado em minha juventude foi com os carnavais e, especialmente, com os sambas-enredo maravilhosos daqueles anos entre 84 e 86. Só para vocês terem idéia: "Caymmi mostra ao mundo o que a Bahia e a Mangueira têm", "Bum bum paticumbum prugurundum", "Exaltação a Tiradentes", "O mundo encantado de Monteiro Lobato", "É hoje", "Das maravilhas do mar, fez-se o esplendor de uma noite" e aquele que considero o mais lindo de todos os sambas-enredo: "Yes, nós temos Braguinha", do carnaval de 1984. E era tudo neste nível, o que causava uma disputa acirradíssima pelos títulos. Não sei se Jamelão estava na avenida neste ano, mas fica aqui uma homenagem a uma das mais estraordinárias figuras do samba, falecido hoje, aos 95 anos. Um agradecimento a Jamelão e a todos que, ainda que anônimos, fazem do carnaval brasileiro a festa mais bonita do planeta. Dos dois vídeos de desfiles da Mangueira que se seguem, o segundo não está muito bom nem o áudio, nem o vídeo. Mas foi o único que encontrei desse ano de 84. O outro, de 86, está bem melhor e mostra, com clareza e simplicidade, o porquê de ser o desfile (será que ainda o é?) o mais belo espetáculo da Terra. O movimento do conjunto compacto das alas e suas fantasias, os carros e adereços, o samba no pé, a bateria maravilhosa que deve provocar uma emoção indizível para quem está ali, de frente; as mulheres, loiras, mulatas , negras e morenas, todas maravilhosas. Todos os dois samba-enredos antológicos, do tempo em que o andamento era mais atrás e permitia o aparecimento de tantas lindas melodias e harmonias. Hoje não se vê mais disso. O capitalismo vai, lentamente, acabando com o desfile. Uma pena. As figuras lendárias do samba, também, vão desaparecendo. Nos vídeos a gente pode ver o Braguinha e a Dona Zica dançando na maior felicidade. Talvez tenha mesmo acabado a era de ouro do samba. Talvez, as figuras como Cartola, Nelson Cavaquinho, Pixinguinha, e o próprio Jamelão sejão como Pelé ou Garrincha no futebol, não voltam mais, nem aparecerão, jamais, outros que se comparem a eles. Assim é o tempo. Assim é a vida. E mais um obrigado a todos esses negros e mulatos que fizeram a nossa música uma das mais lindas do planeta.
Vai cantar no céu ó mestre Jamelão!

Mangueira, desfile de 1986: Caymmi mostra ao mundo...



Mangueira, desfile de 1984, o mais lindo, "Yes, nós temos Braguinha" : "Laura, que não sai da minha mente,
morena a saudade mata a gente.
Hoje tem fogueira, viva São João,
Mané fogueteiro vai soltar balão...

e por aí vai...

3 comentários:

  1. Josaphat..parabéns pelo espaço criado por você..achei massa..Nossa! têm muito mesmo aqui para ler de interessante...desde Argentina..Carol..

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  2. É isto mesmo Iza. Apesar que o velho Jamelão era mal humorado pacas, era um ícone da raça brasileira, de nossa cultura, de nossa música. Merece. Obrigado pela visita. Sempre passo pelo Inside. Inté!

    Legal Carol, você por aqui. Foi aí de Argentina que encontrei uma das duas únicas pessoas que leu "As memórias de um médico", livro maravilhoso, que poucos conhecem. Volte sempre e vamos continuar com nossos contatos. Abração!

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