segunda-feira, 14 de abril de 2008

Lusofonia - Amália Rodrigues

















Como já disse, gosto de fado. O dicionário Aurélio diz em seu verdete:

Fado. S.m. 1. V. estrela (5). 2. Canção popular portuguesa, de caráter triste e fatalista, linha melódica simples, ao som da guitarra ou do acordeão, e que provavelmente se origina do lundu do Brasil colônia, introduzido em Lisboa após o regresso de D. João VI (1821). 3. Bras. No séc. XVIII, dança popular, ao som da viola, com coreografia de roda movimentada, sapateados e meneios sensuais.


Pode-se ver que esta canção tão tipicamente portuguesa deve ter se originado no Brasil. Gosto das músicas populares simples, aquelas de três ou no máximo cinco acordes. Assim são os blues, os cocos, xotes, baiões e xaxados do nordeste, os lundus e carimbós do Pará, os bois de orquestra do maranhão, os sambas mais simples dos compositores dos morros e, entre outros mais, os fados portugueses. Acho-os de uma tristeza resignada (fatalista mesmo) mas não tão sensuais como os blues. Há toda uma influência do catolicismo nos fados, embora os compositores mais modernos já não os fazem tão influenciados pela religiosidade cristã, típica da cultura portuguesa. Há os que diminuem os portugueses por seu catolicismo entranhado. Mas eu não penso assim, há que se estudar ainda muito este povo para julgá-lo apenas por sua religiosidade. Talvez o Portugal de hoje seja apenas pálida sombra do que o foi outrora; como em Pessoa, no último poema da "Mensagem", Ó Portugal, hoje, és nevoeiro... Talvez Portugal tenha entrado em uma fase obscura, uma espécie de idade média, depois que El Rei D. Sebastião desapareceu nas planícies de Alcácer-Quibir. Talvez, quem sabe (e me perdoem o ufanismo aqueles portugueses que lerem o que vou dizer), esteja o lusitanismo vivo e transformado no sangue do povo brasileiro. Quem sabe não somos nós, o Brasil e demais países de língua portuguesa, o "Quinto Império"? Um império que se constitui na unidade de um idioma que se encontra espalhado em todos os cantos do planeta. Mas acho que estou divagando demais. Vamos deixar este tema para outra ocasião.
Toda esta história (que me fascina) para falar da grande cantora portuguesa que é Amália Rodrigues. De uma voz forte e precisa, personalidade marcante e que fez do fado uma espécie de bandeira da cultura portuguesa para o mundo todo, como o samba o é para o Brasil. Além disto, dotada de uma beleza extraordinária; algo de olhos gregos, firmes, embora o perfil típico português, que me lembra minha mãe e minha tia Marina (que está no céu) que vivia no Rio e que por causa disto, ou não, me lembra também as cariocas, que por razões óbvias, as mais brancas (não há racismo aqui, caro leitor ou leitora), trazem traços portuguêses típicos.
Este vídeo que, encontrei no youtube, não a mostra ao vivo, mas trás a vantagem de oferecer várias imagens (fotos) de Amália em épocas diferentes de sua vida.
Sempre, ao contrário dos fados que cantava, feliz.

Amália Rodrigues - Nem às paredes confesso

2 comentários:

  1. Gostei do seu blog
    parabéns, vai lá conhcer o meu
    abraços
    Izabella

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  2. Os jovens também cantam Amália, sinal de que continua viva:

    http://www.youtube.com/watch?v=XJ2qO2ayIfo

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Provérbios gregos