quarta-feira, 30 de abril de 2008

Decadente, mas nem tanto




O nosso vizinho poderoso do Norte está, visivelmente, em processo de decadência. Não apenas por seus mais recentes problemas econômicos, como o do mercado imobiliário e os seus fracassos nas tentativas de criação de um bloco econômico em que seja o líder, mas também por suas posições políticas isolacionistas que o levam, cada dia mais, a ser visto com antipatia pela maior parte da opinião pública mundial. Uma nação que, sem dúvida, trouxe inegáveis inovações e contribuições positivas na história da humanidade, mas que parece viver atualmente só do passado e de seu patrimônio geo-financeiro. O mundo caminha cada vez mais rapidamente para um mundo de diálogo e de configurações regionais onde a instauração de blocos fortes promete a solução para aqueles países com maiores dificuldades na solução de suas próprias crises internas e também para aqueles que, principalmente, por suas características geográficas, possuem pouco ou quase nenhum poder de troca. Os EUA caminham a passos de gigante para a própria solidão. É verdade, têm uma economia fortíssima. Mas será que bastará para mantê-los vivendo saudáveis (e cada vez mais obesos) em sua torre de marfim? Tiveram sempre a postura de apelar para as armas toda a vez que se sentem ameaçados em seus planos de domínio planetário e de hegemonia cultural. Como não o podem fazer pessoalmente a toda hora, terceirizam. É o que vêm fazendo aqui na américa latina já há muitas décadas. Com o advento dos governos populares alinhados com a esquerda na última década, os EUA vem sentindo uma crescente ameaça ao seu antigo domínio na região. Não nos enganemos, excetuando nossas próprias incopetências, quase tudo o mais que nos "atravanca o pogresso" é a influência nefasta norte-americana.



Agora, eles têm restaurada sua 4ª frota para o atlântico sul, coisa de uma dúzia de navios, incluindo um porta-aviões atômico. Todos sabem da possibilidade de um ataque armado à Venezuela, em parte pela oposição radical de Hugo Chavez, em parte pelo estabelecimento de uma possessão estratégica norte-americana na amazônia e em parte pelas reservas de petróleo. Uma outra linha de ação vem sendo posta em prática na Bolívia com o investimento maciço de capital na direita ultra-conservadora local. A idéia parece ser a de criar um racha em pleno coração da américa do sul, configurando-se uma zona de conflito que possa se multiplicar e trazer instabilidade na região. Esta instabilidade poderia justificar uma agressão armada. A questão é, evidentemente mais complexa, mas não podemos deixar de nos informar a respeito. Cá com meus botões acho impossível uma tentativa de invasão ao Brasil, mas não descarto uma invasão da amazônia via Colômbia, Venezuela e Equador, incluindo aí a Bolívia criando uma ponte, pela bacia paraguai-prata até o Paraguai, que já anunciou seu interesse em participar da revolução popular que vem se desenrolando no continente. Neste sentido, nosso país ficaria isolado na região. Mas, francamente, acho tudo isto uma loucura tão grande, e um passo tão maior que as pernas do gigante decadente do norte parecem ser capazes de aguentar, que não creio que possa ser feito. De qualquer forma, a desestabilização da região já atende a alguns interesses norte-americanos e vai depender muito do que as urnas no fraudulento plebiscito do próximo domingo vão mostrar na Bolívia. Ainda que com capital norte-americano e a formação de milícias armadas, esta região se constitui em uma ínfima parte da população boliviana e não tem o apoio das forças armadas; o que poderá levar, no caso de um conflito armado, a um massacre de proporções consideráveis. Vamos torcer para que tudo termine bem, para que, lenta mas seguramente, as elites latinas possam se conformar com o sentido de distribuição de renda que as eleições no continente têm indicado e que o governo brasileiro possa demonstrar sua liderança equlibrada nesta balança, interferindo com inteligência e moderação no desenrolar dos fatos.

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