domingo, 17 de maio de 2009

Dharma, Adharma e Bilitis

A antiga língua sânscrita traz dois interessantes conceitos, representados pelas palavras Dharma e Adharma. A primeira é a lei justa, a evolução, a verdade. A segunda, o seu oposto, a injustiça, a involução, o atraso, logo, a mentira. Há uma passagem do Baghavad Gitâ, onde Krishna, dirigindo-se a Arjuna, seu discípulo, diz:

"Todas as vezes, ó Filho de Bhârata, que Dharma (a lei justa) declina e Adharma (o seu oposto) se levanta, EU ME MANISFESTO PARA SALVAÇÃO DOS BONS E DESTRUIÇÃO DOS MAUS. Para restabelecimento da LEI, EU NASÇO EM CADA YUGA (ciclo)."

Embora os poucos que me visitam saibam que vez ou outra eu lasco umas postagens de caráter, como se diz, mais espiritualista, não é propriamente a intenção aqui. Nem se trata de um simples maniqueísmo. Talvez seja apenas um jogo de palavras ruim. Mas é que aqueles que dão canal à energia de Adharma, ainda não se deram conta que Ele já está aqui. Porém, para tristeza dos religiosos, Ele (ou Ela, dá na mesma) não é uma pessoa, e muito menos um macho salvador da espécie. Ele-Ela, o Avatara (também do sânscrito: manifestação divina sobre a face da terra), da mesma forma que se manifesta como um homem e uma mulher, Jesus e Madalena; ou apenas como um homem, tal Buda, ou Krishna; ou uma mulher, a divina Safo, também se manifesta coletivamente, como se deu nos anos sessenta do século passado e como tem se dado agora no mundo, por meio de uma mudança na consciência das pessoas, que passam a discernir melhor sobre onde está a verdade e a mentira, ou como me referi no começo da postagem, onde está Dharma ou Adharma.

Assim, enquanto os falsos homens bons do país tentam sabotá-lo, nós, meros homens comuns, vamos assistindo aos fatos. Às vezes mesmo os comentamos, ainda que forma confusa como o faço agora. Os mesmos falsos homens bons - representantes que são de Adharma - que sempre acharam que tudo podiam por deterem a riqueza. E por deterem a riqueza tudo faziam - e ainda o fazem - para continuar detendo essa mesma riqueza. E assim sempre funcionou.

Mas eis que não está funcionando mais, embora ainda muita tristeza produza o mundo.

Tristezas como dessas palavras da poetisa que nunca existiu, Bilitis, com a qual vos deixo:

A Pequena Vendedora de Rosas

Disse-me ontem Naís que vira na praça uma menina em andrajos carregada de rosas passar por um grupo de rapazes. E eis o que ouviu:

_ Comprem-me algo.
_ Explica-te, menina. O que estás vendendo? Tua própria pessoa ou as rosas? Ou, quem sabe, tudo junto?
_Se me comprardes todas as flores, levareis a minha de graça.

_E quanto queres pelas rosas?
_Preciso de seis óbolos para minha mãe, a fim de não apanhar como uma cadela.
_Acompanha-nos. Terás uma dracma.
_Posso então ir buscar minha irmãzinha?

E ambas acompanharam os homens.
_Não tinham nem seios, Bilitis. Nem sequer sabiam sorrir. Trotavam como cabritas a caminho do matadouro.


Bilitis foi uma invenção do poeta Pierre Louys. Depois explico melhor.

Um comentário:

  1. Pois é Bilitis...
    a violação contra o princípio feminino da humanidade, tanto em homens qto em mulheres está na base da adharma... o poema ficou perfito na conclusão...
    agora é chegado o yuga da Deusa...

    (mudando de assunto, passa-se alguma coisa em BH hj? especificamente no cruzamento entre a contorno e a raja gabaglia? sonhei q andava por lá hj, e era carnaval... será saudade?!!!)

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Provérbios gregos