sexta-feira, 23 de maio de 2008

Leituras


Acabei de ler o primeiro volume da História de Portugal de Alexandre Herculano que vai dos primórdios da ocupação da Península até os anos que antecedem o surgimento da monarquia, por volta da virada do século XI ao XII. Como sempre pego dois livros na biblioteca, trouxe também A História da Revolução Francesa de Thomas Carlyle. É claro que me interesso bastante pelo tema. Enquanto o livro de Herculano é relativamente pequeno, considerando que é apenas um dos volumes, o de Carlyle é bem grandinho. Mas li ambos.

O que acontece é que preciso abordar a questão da Revolução Francesa com um olhar um pouco menos romântico porque senão terei que abandonar o tema. A verdade é que qualquer um que tenha alguma sensibilidade fica, de alguma forma, afetado ao adentrar os detalhes e acontecimentos da Revolução. Fiquei dois dias inteiros bastante entristecido. Quando lemos uma história onde há muitas pessoas notáveis que admiramos, e as vemos, uma a uma, sendo varridas da história de forma trágica, é de fato triste. Estes personagens acabam se tornando como que amigos, temos afeição por eles. Assim é quando Heitor é morto por Aquiles na Ilíada ou quando Dido manda armar a fogueira na Eneida de Virgílio. Acho que é importante permitirmos sentir estas coisas quando de alguma experimentação artística, como é este caso da literatura. Assim mesmo como aconteceu, o sentimento (ou talvez a emoção) vem e, em seguida, deixamo-lo ir. No entanto, preciso estudar melhor esta coisa da catarse e saber porque me interesso tanto pelas tragédias. E a Revolução Francesa talvez seja a maior tragédia que o mundo já viu, se se considerarmos que nela, mais que em qualquer outro evento do mundo, tantas pessoas notáveis sucumbiram e, o mais importante e o que a caracteriza como verdadeiramente trágica, conscientemente. Conheciam o próprio destino e não o negaram. Sabiam que viviam um acontecimento fabuloso do qual não podiam se furtar, ainda que antevendo a lâmina pesada caindo por sobre o próprio pescoço. Não sei se foi Camille Desmoulin quem disse que a Revolução era como Saturno que ia devorando os próprios filhos. Devorou-os todos.

Mas, já deixada ir a tristeza, tornei à biblioteca e peguei o volume dois de Herculano que conta como se deu a criação da monarquia portuguesa no início do século XII. Estou lendo-o. Trouxe também um livro intitulado "Montaillou - povoado occitânico - 1294-1324", de Emmanuel Le Roy Ladurie. Trata da perseguição movida pela inquisição aos Cátaros ou Albigenses. A história transcorre em uma pequena aldeia perdida nos Pireneus franceses e parece que em forma de romance. Há pouca coisa sobre os Cátaros, que foram perseguidos e exterminados pela Igreja e Aristocracia de França. Ainda não o li e depois posto aqui os comentários sobre o livro.

Bem, então são estas coisas que ando lendo, juntamente com um texto de um filósofo pós-cristão pouco conhecido de nome Hérmias. O texto o estou traduzindo como trabalho final do semestre para o curso de grego. Trata-se de uma sátira aos filósofos helênicos. É interessante e, depois de corrigido e revisado, quero postar algum trecho aqui.

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