quinta-feira, 8 de maio de 2008
E Gaia ...
Quero postar aqui também, para ajudar a difundir, ainda que aos poucos que por aqui navegam, este texto tirado do site do jornalista Luiz Carlos Azenha, o "Vi o mundo", o qual já possui um link aqui neste blog. Não concordo com tudo que o texto do jornalista diz ( o que escreveu o texto), mas ele é muito bom. Não sei se sou tão pessimista, mas as possibilidades, as cartas estão já na mesa. Cabe a nós decidir o que fazer. Quem quiser o link está aqui.
Amyra e a quem mais interessar.
Com o fastio e o pessimismo de quem há anos escreve textos neste tom, quero apenas acrescentar um comentário:
Não creio que haja solução.
Mais.
Não creio que haja porque haver solução.
Todas as espécies tem seu tempo.
Os dinossauros sobreviveram em paz com a terra por milhões de anos.
O homem preferiu domá-la, transformá-la, subordiná-la, destruí-la.
Foi a mais forte espécie que já passou pelo planeta - até onde se saiba - e fez uso desta força para envenenar tudo.
Vai ser uma das mais rapidamente extintas (e levando outras de roldão) que já passou pelo planeta.
É lógico o processo do planeta - de Gaia, se quiserem - para se desintoxicar.
A febre existe para combater agressões ao nosso corpo.
O planeta está com febre (e não me refiro necessariamente ao aquecimento global) para nos combater.
Porque luta para sobreviver e poder continuar abrigando formas de vida menos agressivas.
E nós o agredimos.
Em meus momentos mais otimistas, também gosto de imaginar soluções.
Mas elas não passam por ajustes e sim por uma mudança conceitual tão grande que me parece impossível.
Acreditei muito no conceito das ONGs enquanto elas eram exatamente isto, ONGs.
Organizações Não Governamentais.
Infelizmente, ao mesmo tempo que algumas poucas tentaram mudar as coisas através da mudança de mentalidades, outras tantas aderiram ao "projetismo".
É projeto pra cá, é projeto pra lá, e projeto, se sabe, precisa de financiamento.
Então começou a rolar dinheiro, primeiro de grandes empresas "conscientizadas", depois dos grandes governos e por fim de todo mundo.
No Brasil chegou-se a cúmulo de criar as tais OSCIPs, que em última instância são um jeito do governo privatizar tudo o que dá trabalho.
Em um país "oscipizado", o governo se livra das áreas de cultura, meio-ambiente, destas "frescuras", e as repassa à sociedade.
Se exime. Lava as mãos. Cai fora.
E os idealistas da sociedade (geralmente os mais moços, como sempre) alegremente acreditam que isto é um avanço e botam mãos à obra.
Pouco tempo depois ou estão desiludidos ou foram cooptados.
E a consequencia disto é que as OSCIPs serão a ponte para a privatização das coisas que mais caracterizam uma nação enquanto tal:
O meio ambiente onde ela existe e sua cultura.
Duas coisas que devem ser de obrigação do Estado cuidar e proteger, e que estão sendo lentamente privatizadas.
Sou presidente de uma ONG que ano que vem vai fazer 20 anos e que já foi muito ativa.
NUNCA pedimos nem aceitamos um único centavo de qualquer governo, mesmo quando oferecido.
NUNCA. Um único.
Trabalhamos muito tempo na área de unidades de conservação, mas NUNCA pretendemos substituir, complementar ou fazer parte dos órgãos oficiais.
Nos limitamos a auxiliar sua atividade no que fosse possível, sempre subordinados aos administradores locais.
Brigando quando necessário, é claro, mas geralmente em brigas que reforçavam as chefias locais contra as burrocracias centrais.
Cansamos.
E, aos poucos, fomos percebendo que quando um assunto é comandado à distância por gente, concursada ou não, que não conhece a realidade, o fracasso é inevitável.
O Brasil e o mundo, atualmente, são governados e manipulados a partir de centros de poder que desconhecem ou, pior, querem ignorar a realidade.
Os interesses das capitais e/ou matrizes do poder estão completamente dissociados dos interesses das pessoas que fazem a sociedade.
Mas mesmo estas, em grande parte, querem mesmo é participar dos confortos do poder.
Por isso acontece o que se vê, quando alguém "chega lá": sucumbe.
Se adapta.
Se ajusta.
Cala.
Mas o planeta não quer nem saber.
Por isso, o caminho do fim (deste ciclo de vida, da dominação humana, sei lá de que) me parece inevitável.
Esta história de que o "social" deve prevalecer ao individual é puro blefe.
O individualismo altruísta seria o único caminho pelo qual a Humanidade poderia ser salvo.
Um tipo de individualismo onde as pessoas não se importariam nem tanto consigo próprias, nem tanto com o "social".
Um tipo de individualismo onde todos se preocupariam com os outros indivíduos enquanto tal, e não como massa.
Um jeito de viver onde todos tivessem rosto, personalidade.
Onde o menininho que pede esmolas na sinaleira mereceria, sim, ajuda de cada um de nós e não que fosse deixado a cargo do governo porque é um "problema social".
Não existe problema social.
Existem problemas individuais, de milhões de pessoas, de bilhões de indivíduos.
Quem se preocupa com indivíduos pode, sim, vir a mudar de atitude frente a tudo.
Quem só se precupa com o "social", com a "coletividade", com os "consumidores" ou os "eleitores", não vê pessoas nestes grupos, só massa de manobra.
E estes - que formam a grande maioria - não estão nem aí para o que está acontecendo ao planeta.
Porque vivem apenas para o presente, para o poder, para o lucro, para si em nome de todos.
É isto que está nos conduzindo ao fim.
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