sábado, 21 de março de 2009

Nausícaa e a Odisséia



O conjunto de poemas épicos produzidos durante o chamado período arcaico da Grécia antiga, que vai de mais ou menos 750 à 550 é conhecido como poemas cíclicos. Data do começo deste período os poemas homéricos, os únicos que nos chegaram na íntegra. Pelo menos é o que se pensa.
A partir da Ilíada e da Odisséia, muitos outros foram criados para complementar os acontecimentos cantados por Homero. A Ilíada narra um período de aproximadamente 40 dias durante a chamada guerra de Tróia. Nela, por exemplo, nada se fala sobre a morte de Aquiles ou sobre o cavalo de madeira e a queda da cidade. A Ilíada, a meu ver, é para Heitor. Sabemos desses acontecimentos por esses outros poemas, como a Pequena Ilíada e a Etiópida, que são atribuídos a Lesques de Mitilene ( a ilha de Lesbos) e Arctino de Mileto, na Ásia menor. Estes textos nos chegaram apenas em fragmentos, como a poesia de Safo. Sabemos de seus conteúdos principalmente pelas citações em Aristóteles e Platão comentando os trágicos atenienses, que se utilizaram dos cíclicos na criação de suas peças. Aristóteles considerava-os inferiores literariamente aos poemas homéricos, mas constituem importante material sobre os dois ciclos em que se dividem as epopéias: o tebano e o troiano.
Todos esses textos são, ainda, envoltos em mistérios e incertezas. Mesmo os homéricos. Fala-se em mais de um Homero, ou que teria ele reunido parte de textos mais antigos, aos quais teriam se acrescidos outros posteriores à morte do poeta. Há muitas diferenças e incongruências, principalmente na Odisséia.
A escritora francesa Sophie Chaveau põe mais lenha na fogueira das dúvidas com suas "Memórias de Helena de Tróia". Sugere ela que a Odisséia seria da autoria de Nausícaa ou Nausica, filha de Alcino, rei dos Féaces, que habitavam uma ilha próxima de Ítaca, terra do herói e seu destino final após a longa jornada de vinte anos.
É a Nausica e ao pai que Ulisses, a partir da rapsódia IX da Odisséia, narra toda a sua jornada, desde a partida de Tróia.
A escritora não oferece nenhuma prova de sua afirmação, apenas sua intuição e autoridade de uma pesquisa consistente a meu ver. É bastante crível que o registro da narração feita pelo Odisseu tenha sua origem na expectadora de corpo presente, a princesa dos Féaces, a bela Nausica, a donzela semelhante às Imortais na estatura e no aspecto, nas palavras do mesmo Homero. O que, apesar de lindas-poéticas palavras, descambam na comédia e no riso se nos lembrarmos da altura do astucioso Ulisses.
No entanto, fica aí mais uma dúvida, outro mistério sobre a mitológica guerra e o também mitológico Homero.
Teria ele usurpado à princesa a fascinante história?
Não duvido. Os gregos, salvo exceções, não gostavam das mulheres [talentosas].
E os cristãos não se dão conta de suas raízes pagãs...
Já a Deusa, hoje, vai arrancando, em silêncio e sangue sua mordaça.

Odysseus and Nausicaä - by Charles Gleyre - from Project Gutenberg eText 13725 -

2 comentários:

  1. Percebi que a beleza e a riqueza de aventuras de Odisseia é uma das caracteristicas mais importante da história.Adorei a mesma.

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  2. Sem dúvidas, os poemas Homéricos se caracterizam pela magnitude das palavras e a benevolência dos romances gregos.História maravilhosa...Indico a leitura a todos!

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Provérbios gregos