terça-feira, 31 de março de 2009

Há muito...























Em horas inda louras, lindas
Clorindas e Belindas, brandas,
Brincam no tempo das berlindas,
As vindas vendo das varandas.
De onde ouvem vir a rir as vindas
Fitam a fio as frias bandas.

Mas em torno à tarde se entorna
A atordoar o ar que arde
Que a eterna tarde já não torna!
E em tom de atoarda todo o alarde
Do adornado ardor transtorna
No ar de torpor da tarda tarde.

E há nevoentos desencantos
Dos encantos dos pensamentos
Dos santos lentos dos recantos
Dos bentos cantos dos conventos...
Prantos de intentos, lentos, tantos
Que atentatam os atentos ventos.

Fernando Pessoa in "Saudade dada"

Para não ter de parar.


Eu sei que ficar postando poesia dos outros,
inda mais os clássicos, pode se tornar
redundante e chato.
Mas, além do fato de me faltar
o que dizer,
há os que disseram muito
e muito pouco
foram ouvidos.
Estou ajudando a divulgar.

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