"A educação inclusiva é um processo em que se amplia a participação de todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular. Trata-se de uma reestruturação da cultura, da prática e das políticas vivenciadas nas escolas de modo que estas respondam à diversidade de alunos. É uma abordagem humanística, democrática, que percebe o sujeito e suas singularidades, tendo como objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos."
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Percebe-se o conceito de abordagem democrática que tem como objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos. Ora, se é democrático, subentende-se o interesse da maioria ou de todos? Está claro, de todos.
Em outra parte do texto lê-se:
Definição
De acordo com o Seminário Internacional do Consórcio da Deficiência e do Desenvolvimento (International Disability and Development Consortium - IDDC) sobre a educação inclusiva, realizado em março de 1998 em Agra, na Índia, um sistema educacional só pode ser considerado inclusivo quando abrange a definição ampla deste conceito, nos seguintes termos:[1]
- Reconhece que todas as crianças podem aprender;
- Reconhece e respeita diferenças nas crianças: idade, sexo, etnia, língua, deficiência/inabilidade, classe social, estado de saúde (i.e. HIV, TB, hemofilia, Hidrocefalia ou qualquer outra condição);
- Permite que as estruturas, sistemas e metodologias de ensino atendam as necessidades de todas as crianças;
- Faz parte de uma estratégia mais abrangente de promover uma sociedade inclusiva;
- É um processo dinâmico que está em evolução constante;
- Não deve ser restrito ou limitado por salas de aula numerosas nem por falta de recursos materiais.
No meu caso, professor de EJA (Educação de jovens e adultos), deparo-me diariamente com a seguinte situação: Em uma sala de quarenta alunos há quase sempre dez por cento de indivíduos (em sua maioria jovens) que não têm qualquer interesse em estudar e só enxergam a escola como ponto de encontro para a turma, para a paquera ou para o consumo de drogas. Estas pessoas estão na escola ou por imposição dos pais (em alguns casos por causa do bolsa-família) ou por considerarem a escola apenas como espaço de socialização. Elas estão sendo incluídas (note-se o uso da voz passiva) sem querer sê-lo. Então me pergunto: Pode a inclusão ser forçada? É um direito ou um dever?
Se é um dever, o indivíduo não deve cumpri-lo sob pena de perder o direito?
Se é um direito, que sentido faz se incluir forçadamente um para excluir-se, em seu lugar, vários? E o direito destes vários?
É o que tem acontecido na escola em face do comportamento de inúmeros indivíduos jovens que não têm interesse pelas aulas e, consequentemente, com seus comportamentos, tornam inviável o ensino e o aprendizado para os demais. Então torno a perguntar: Pode a indisciplina ser considerada uma diferença para o critério de inclusão? Em meu ponto de vista, não. Inclui-se uns, exclui-se outros.
Vários entre os alunos interessados em aprender os conteúdos têm abandonado a escola por entenderem que não está sendo possível o aprendizado por causa da indisciplina dentro das salas de aula. Os conselhos tutelares argumentam que questão de disciplina deve ser resolvida pela escola. Ora, como se pode resolver, se não há qualquer punição ao comportamento indisciplinado. Não se pode ao menos suspender tais alunos. Nem por um dia. Ele ou ela, assim, sente-se impune e tem como garantida sua forma de participação anti-social. Ou melhor, uma espécie de anti-alteridade instituída.
É preciso que o conceito de inclusão seja melhor esclarecido para que não se permitam distorções como essas às quais estou me referindo.
Ontem, mais de trinta alunos foram prejudicados, durante uma sessão de vídeo, por outros três jovens que fizeram tudo que queriam fazer, (seria hilário se não fosse triste: um deles, de quatro, latindo e rosnando, só faltando levantar a perna e urinar em uma cadeira), mas que foram incapazes de respeitar os demais. Pouco pude fazer, pois pedir ( só o que podemos) para respeitarem o espaço escolar não adiantou nada. Eles estavam confiantes na própria impunidade. A supervisão, a direção da escola e o conselho tutelar fizeram suas abordagens; mas como disse, não haver punição, para esses alunos, é um atestado para fazer o que bem entendem. E os demais saíram magoados e se sentindo injustiçados.
Inclui-se uns, exclui-se muitos.
Será que estou enganado, ou sendo preconceituoso, ou intolerante?
Só sei que assim desse jeito, esta tal de inclusão é uma merda!
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