quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O trânsito brasileiro

No sábado passado, voltando de uns dias de férias no litoral norte capixaba, escapei da morte por um dedo de Deus talvez. Mas não escapei de presenciar uma das cenas mais chocantes de minha vida quando o grupo de carros que se adiantou a mim na ultrapassagem de alguns caminhões se envolveu em um medonho acidente com uma carreta que vinha em sentido contrário. Só não estava eu no mesmo grupo porque o motorista do caminhão que se encontrava à minha frente não me permitiu a ultrapassagem. Agradeço-lhe meu amigo!

O acidente foi próximo à cidade de São Gonçalo do Rio Abaixo, logo após passar por Monlevade, a 80 km de BH.

Após passarem a cidade de João Monlevade as rodovias federais Brs 262 e 381 se encontram e seguem juntas para Belo Horizonte num trecho de 100 kilômetros somente de curvas e sem duplicação. Há uma quantidade imensa de caminhões, sendo pois o trecho um afunilamento do tráfego dos eixos São Paulo-Bahia e Espírito Santo-Oeste de Minas e de seus inter-cruzamentos. Todos os dias morre-se ali.

É simplesmente uma loucura.

Os gritos de desespero dos que estavam presos entre as ferragens os escuto até agora, juntamente às imagens. Em especial a de um braço que pendia na janela de um dos carros que ficou inteiramente esmagado pelas rodas da carreta.

Pavoroso.

Não parei para dar socorro pois aqueles que chegaram instantes antes de mim já o estavam fazendo e a coisa já se ia tornando numa pequena confusão de carros parando, gente correndo, gritos, desespero, mas também e principalmente é claro, solidariedade. Segui por alguns quilômetros e parei em uma lanchonete para beber uma água e me acalmar. Fiquei muito emocionado.

Morreram ali até onde sei aquelas duas pessoas que foram esmagadas. Tiveram morte rápida. Houve feridos que ficaram presos por horas nas ferragens, um horror. Ao menos resta talvez o consolo da morte instantânea, sem sofrimento.

Mas sei lá, será mesmo um consolo? Aquele breve segundo deve ser por demais aterrador e é o que se leva de imediato para o outro mundo se tal existir. Não será uma boa lembrança. E além do mais dá-se adeus ao mundo, que ainda com suas mazelas não deixamos de amar.

Quão efêmera e insignificante é a vida...

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