sexta-feira, 9 de maio de 2008

Algumas coisas

Esta tem sido uma semana difícil. Alguns acontecimentos agudos me deixaram um tanto triste, quase deprê mesmo. A minha vida é até tranqüila em face à maioria das pessoas. Mas estas comparações nem sempre nos consolam. Entre os agudos está a confluência de trapaças e ineficiências (no fundo é trapaça também) de três grandes corporações com as quais negocio. Uma me perdeu todos os créditos do celular, outra atrasou a entrega da fatura do cartão de crédito e me cobrou juros, multa e iof pelo atraso e a outra me prometeu um serviço de banda larga por um preço e está cobrando outro. Isto só me leva a pensar que, ou estou numa maré de azar, ou este pessoal dos bancos e das comunicações são uns grandes embromadores mesmo. Isto para ser elegante e não dizer que o que gostam mesmo é de levar o que não é deles. E já fico pensando na dor de cabeça de ter que resolver assuntos com a justiça. É claro né, justiça brasileira? ... ajuda aí ó!
Tem também as coisas do trabalho, as de sempre mesmo. Pouco dinheiro, falta de sentido e barra pesada. Ontem mataram um cara na esquina da escola com seis tiros. Um monte de gente escutou e se escondeu para não levar uma de tabela. A coisa vai indo assim do lado de fora quando do lado de dentro a coisa vai indo parecido. Dureza. Então, ainda por cima, quatro dias sem fumar. E entre uma gripe que já dura dez dias, tem aquela velha carência não resolvida. Então, para relaxar que ninguém é de ferro, um vinhozinho e um cigarrinho.
E amanhã começa tudo de novo.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Com um inimigo desses...

A ministra Dilma Rousseff, respondendo ao senador Agripino Maia, do DEM, que lhe perguntou se mentiria ali também, na CPI dos cartões corporativos sobre o falso dossiê, já que havia, em entrevista recente, afirmado que tinha mentido muito sob tortura quando esteve "na cadeia" durante a ditadura militar. A resposta da ministra foi um nocaute no primeiro round. Com um inimigo desses quem precisa de amigo?

E Gaia ...



Quero postar aqui também, para ajudar a difundir, ainda que aos poucos que por aqui navegam, este texto tirado do site do jornalista Luiz Carlos Azenha, o "Vi o mundo", o qual já possui um link aqui neste blog. Não concordo com tudo que o texto do jornalista diz ( o que escreveu o texto), mas ele é muito bom. Não sei se sou tão pessimista, mas as possibilidades, as cartas estão já na mesa. Cabe a nós decidir o que fazer. Quem quiser o link está aqui.

Amyra e a quem mais interessar.
Com o fastio e o pessimismo de quem há anos escreve textos neste tom, quero apenas acrescentar um comentário:
Não creio que haja solução.
Mais.
Não creio que haja porque haver solução.
Todas as espécies tem seu tempo.
Os dinossauros sobreviveram em paz com a terra por milhões de anos.
O homem preferiu domá-la, transformá-la, subordiná-la, destruí-la.
Foi a mais forte espécie que já passou pelo planeta - até onde se saiba - e fez uso desta força para envenenar tudo.
Vai ser uma das mais rapidamente extintas (e levando outras de roldão) que já passou pelo planeta.
É lógico o processo do planeta - de Gaia, se quiserem - para se desintoxicar.
A febre existe para combater agressões ao nosso corpo.
O planeta está com febre (e não me refiro necessariamente ao aquecimento global) para nos combater.
Porque luta para sobreviver e poder continuar abrigando formas de vida menos agressivas.
E nós o agredimos.
Em meus momentos mais otimistas, também gosto de imaginar soluções.
Mas elas não passam por ajustes e sim por uma mudança conceitual tão grande que me parece impossível.
Acreditei muito no conceito das ONGs enquanto elas eram exatamente isto, ONGs.
Organizações Não Governamentais.
Infelizmente, ao mesmo tempo que algumas poucas tentaram mudar as coisas através da mudança de mentalidades, outras tantas aderiram ao "projetismo".
É projeto pra cá, é projeto pra lá, e projeto, se sabe, precisa de financiamento.
Então começou a rolar dinheiro, primeiro de grandes empresas "conscientizadas", depois dos grandes governos e por fim de todo mundo.
No Brasil chegou-se a cúmulo de criar as tais OSCIPs, que em última instância são um jeito do governo privatizar tudo o que dá trabalho.
Em um país "oscipizado", o governo se livra das áreas de cultura, meio-ambiente, destas "frescuras", e as repassa à sociedade.
Se exime. Lava as mãos. Cai fora.
E os idealistas da sociedade (geralmente os mais moços, como sempre) alegremente acreditam que isto é um avanço e botam mãos à obra.
Pouco tempo depois ou estão desiludidos ou foram cooptados.
E a consequencia disto é que as OSCIPs serão a ponte para a privatização das coisas que mais caracterizam uma nação enquanto tal:
O meio ambiente onde ela existe e sua cultura.
Duas coisas que devem ser de obrigação do Estado cuidar e proteger, e que estão sendo lentamente privatizadas.
Sou presidente de uma ONG que ano que vem vai fazer 20 anos e que já foi muito ativa.
NUNCA pedimos nem aceitamos um único centavo de qualquer governo, mesmo quando oferecido.
NUNCA. Um único.
Trabalhamos muito tempo na área de unidades de conservação, mas NUNCA pretendemos substituir, complementar ou fazer parte dos órgãos oficiais.
Nos limitamos a auxiliar sua atividade no que fosse possível, sempre subordinados aos administradores locais.
Brigando quando necessário, é claro, mas geralmente em brigas que reforçavam as chefias locais contra as burrocracias centrais.
Cansamos.
E, aos poucos, fomos percebendo que quando um assunto é comandado à distância por gente, concursada ou não, que não conhece a realidade, o fracasso é inevitável.
O Brasil e o mundo, atualmente, são governados e manipulados a partir de centros de poder que desconhecem ou, pior, querem ignorar a realidade.
Os interesses das capitais e/ou matrizes do poder estão completamente dissociados dos interesses das pessoas que fazem a sociedade.
Mas mesmo estas, em grande parte, querem mesmo é participar dos confortos do poder.
Por isso acontece o que se vê, quando alguém "chega lá": sucumbe.
Se adapta.
Se ajusta.
Cala.
Mas o planeta não quer nem saber.
Por isso, o caminho do fim (deste ciclo de vida, da dominação humana, sei lá de que) me parece inevitável.
Esta história de que o "social" deve prevalecer ao individual é puro blefe.
O individualismo altruísta seria o único caminho pelo qual a Humanidade poderia ser salvo.
Um tipo de individualismo onde as pessoas não se importariam nem tanto consigo próprias, nem tanto com o "social".
Um tipo de individualismo onde todos se preocupariam com os outros indivíduos enquanto tal, e não como massa.
Um jeito de viver onde todos tivessem rosto, personalidade.
Onde o menininho que pede esmolas na sinaleira mereceria, sim, ajuda de cada um de nós e não que fosse deixado a cargo do governo porque é um "problema social".
Não existe problema social.
Existem problemas individuais, de milhões de pessoas, de bilhões de indivíduos.
Quem se preocupa com indivíduos pode, sim, vir a mudar de atitude frente a tudo.
Quem só se precupa com o "social", com a "coletividade", com os "consumidores" ou os "eleitores", não vê pessoas nestes grupos, só massa de manobra.
E estes - que formam a grande maioria - não estão nem aí para o que está acontecendo ao planeta.
Porque vivem apenas para o presente, para o poder, para o lucro, para si em nome de todos.
É isto que está nos conduzindo ao fim.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Gaia está mostrando



Tolos são os homens ao acharem que a sua cultura é superior à natureza. Tolos são também aqueles que pensam em destruir ou mesmo salvar a terra. Essas coisas dos homens passarão, como sempre têm passado. A terra fica. Ela se cuida sozinha, como sempre se cuidou. Os homens é que precisam se cuidar. A ecologia interior vem antes do cuidado com o planeta. Gaia tem dado seus avisos, enquanto a maioria de nós continua partida e rota.

Juro que a terra será
seguramente completa
para aquele ou aquela
que for completo:
a terra continua partida e rota
só para aquela ou aquela
que continua partido e roto.

Juro não existir grandeza ou força
que não incite as da terra,
não pode haver teoria de algum valor
que não reitere a teoria da terra,
nem canto ou religião ou política,
modo de ser ou o que seja,
que apresente algum valor
a menos que se compare
com a amplitude da terra,
a menos que defronte a exatidão,
vitalidade, imparcialidade,
a retidão da terra.

(...)

Juro que vejo uma coisa melhor
que dizer o melhor:
é deixar sempre o melhor por dizer.
Quando me empenho em dizer o melhor,
descubro que não posso:
é ineficaz minha língua em seus fulcros,
meu alento não quer obedecer
aos órgãos competentes,
torno-me um homem mudo.

O melhor sobre a terra não se pode
dizer de modo algum
― tudo ou algo é melhor:
não é o que haviam previsto,
é mais barato, mais fácil, mais perto,
não é preciso tirar coisas dos lugares
que anteriormente ocupavam,
a terra é justamente tão direta
e positiva quanto era antes,
fatos, religiões, benfeitorias,
políticas, negócios, tão reais como dantes,
mas a alma é também real,
a alma é também direta e positiva,
nenhum raciocínio, nenhum experimento
a instituiu ― crescimento inegável
foi o que a instituiu.
(Walt Whitman, canto da terra girando, fragmentos, trad. Geir Campos, Folhas das folhas da relva, Ediouro, 1983)

domingo, 4 de maio de 2008

O desaparecimento



Nunca vi o Galo tão mau com um time. No ano do centenário, o mínimo que se esperava era alguma garra. No entanto, o que se viu foi um time medíocre que, na disputa com o maior rival, levou de 6 a 0. Uma vergonha. Alguns poucos milhares de tolos foram ao Mineirão assistir ao golpe de misericórdia. Não sei para quê. O que ainda pode salvar o atlético da penúria e do esquecimento é a torcida. Esquecimento sim, pois a meninada de hoje, com toda razão, não vê no Galo um time digno que compete por títulos e justifica o hino. O time que teve a maior torcida vê o arqui-rival arrebanhar as novas gerações de torcedores. Tola torcida sim, que insiste em declarar o seu amor a um time que, há quase quarenta anos, não levanta a taça mais importante do futebol brasileiro. Não se pode viver de passado. A torcida do atlético tem que acordar e, em um movimento salvador, se recusar a apoiar o time enquanto a atual diretoria não demonstrar, com a + b, que ama o escudo tanto quanto. Mas tudo é ilusão e os atleticanos estão fadados a fazer companhia aos americanos, vivendo de saudade. Para o cruzeiro que representa, sozinho e com tranquilidade, o futebol mineiro há décadas só resta comemorar.

O labirinto do fauno



Já que estamos em Espanha, vamos de cinema espanhol. "O labirinto do fauno" é um filme muito interessante. Como toda boa obra de arte, não se contenta em contar apenas uma história, mas muitas. Recheado de alegorias e metáforas, agrada a sonhadores e realistas pragmáticos. Quero dizer, tanto se pode seguir uma história real, onde em meio à uma situação de guerra, tudo parece sem sentido e sofrível, quanto se pode seguir com as fantasias da personagem principal em seu mundo de fadas, faunos, princesas e mundos encantados. Fantasias que, note-se, não a ocupavam o tempo todo e que podiam não ser tão fantasiosas assim. Não se pode dizer qual é o fio verdadeiro da história. E é precisamente nisto que se encontra a grande qualidade do filme: misturar, com inteligência, fantasia e realidade. Então temos eros e psiquê, mundos subterrâneos, reinados encantados, imortalidade, Freud, feminismo, magia, fascismo, helenismo, história de Espanha, patriarcalismo, e outras coisas mais misturadas em um mesmo caldeirão. E é isto, caros leitores e leitores que, em minha modesta opinião, consiste uma boa obra de arte, uma síntese equilibrada de coisas diferentes. Aqui se tem uma análise do filme muito mais interessante e competente que a minha. Mas assistam, apesar de aparentemente triste, nos transmite uma possibilidade maior. Boa arte, bom cinema. Recomendo.

sábado, 3 de maio de 2008

03 de maio de 1808



Goya pintou este quadro em 1814 a pedido da corte espanhola. A Espanha católica havia se livrado da presença de Napoleão, considerado o anti-cristo. A cena mostra o fuzilamento ocorrido na madrugada de 03 de maio de 1808 como represália aos levantes contra a ocupação francesa. Há toda uma alegoria no quadro, marcadamente a que oposiciona o catolicismo ao advento dos movimentos republicanos que anunciavam a morte da igreja e o laicismo do estado. Note-se a figura principal, anônima e de braços abertos, como Cristo. Com um pouco de atenção percebe-se os furos nas palmas de suas mãos. Goya já anunciava o realismo e, muito antes de Picasso, mostrou ao mundo, por meio da arte, os horrores da guerra.

O bom e velho rock and roll

Três quarentonas que ainda fazem a cabeça:

 The Beatles - While My Guitar Gently Weeps


 jimmy hendrix - voodoo child


 Creedence Clearwater Revival - I put a spell on you

quinta-feira, 1 de maio de 2008

as despedidas



Quando adolescente via muita televisão. Gostava demais de passar noites diante da telinha assistindo a filmes. Bons tempos aqueles. Aprendi um bocado sobre o cinema. Hollywood é claro. Mas naquele tempo, como ainda hoje, o cinema americano dominava. Ainda assim assisti a muitos bons filmes. Alguns inesquecíveis. Outro dia, no youtube, encontrei um trecho do "Dr. Jivago" que mostra a partida de Lara. Acho a cena de uma beleza incrível. A certeza do que tem de ser. O contraste entre a calma com que a despede e o desespero com que se precipita ao segundo andar para uma última visão da amada. Filme belo e triste, como a Rússia.



Então decidi procurar por outras cenas semelhantes, de despedida. A memória não ajudou muito. Me lembrei da cena final de "Por quem os sinos dobram", de "Casablanca", de Forrest Gump em frente ao túmulo de Jenny, de Sean Connery e Audrey Hepburn no "Robin e Marian". Destes, só a cena de "Por quem os sinos dobram" encontrei que valesse. A virtude das cenas está mais no contexto do enredo, da história do filme, do que na interpretação dos atores. Mas os olhos de Ingrid têm o seu lugar, não?
Uma pergunta aos raros visitantes: Será que alguém sabe de outras mais?

Dr. Jivago, a partida de Lara

Por quem os sinos dobram, cena final

Provérbios gregos