quarta-feira, 30 de setembro de 2009

E a educação, ó, top, top, top...

















(A foto aí é de uma escola que já dei bye-bye, fica em Contagem. Mas calma, amigos, que esse é o lado de fora do muro. Uma pena é que os urubus não quiseram posar para a fotografia)

Enquanto o Lula resolve socializar a banda larga para todo o Brasil, visando em particular os mais pobres, os computadores das escolas de Belo Horizonte não funcionam. Quer dizer, a gente os liga, eles operam sobre uma plataforma linux - que é legal pois é um software livre e não se tem que mandar royalts para a Microsoft - mas se você quiser um computador razoavelmente funcional, esqueça! A internet é lentíssima e, frequentemente, gasta quase dois minutos para abrir a página inicial do google. Neste, a gente consegue operacionalizar as buscas, mas se você quiser abrir o gmail, esqueça também, o linux instalado não está configurado para tanto. A gente que entende um pouquinho do assunto fica se sentindo inútil, pois não temos autorização para fazer uma simples atualização do firefox. Vídeos? Kakakakaka...E a coisa segue.
Hoje, fomos obrigados a abdicar de duas aulas para aplicarmos uma prova de avaliação da prefeitura. Fomos, não, porque me recusei e conquistei o direito de dar a minha aula. Aplicar é a palavra errada. A prefeitura contratou pessoas de diversas áreas de trabalho, muitos desempregados, para aplicar a prova. Nós, os professores, éramos obrigados a ficar em sala junto com eles para "manter a disciplina". Essas pessoas, naturalmente futuros eleitores, ganharam mais do que a gente como professor ganha por aquela hora de trabalho. O desrespeito, o descaso e o desprezo por nós é assim, descarado. Eles é que se ferram com isso. Eu vou tirar o meu da reta. Mais cedo ou mais tarde eu vou. Eles vão continuar perdendo os bons professores. Mas estão se lixando. É tudo uma farsa. A mídia comprada fala das ações e dos programas de educação e saúde da prefeitura (gastam fortunas em publicidade) e, ao mesmo tempo, fala mal de médicos e professores. Esses programas são INÚTEIS meus amigos, croyez-moi! É tudo uma farsa...
E se o povo acredita, tem o que merece. Agora, eles, os burocratas, professores que conseguiram 'escapar' da sala-de-aula para trabalharem na administração, por indicações políticas, resolveram embargar os projetos da escola por pequenas irregularidades na documentação, como falta de um CPF ou de um comprovante de endereço. Ao invés de acompanharem, de fato, o desenrolar dos projetos, como devem ser as suas obrigações, preferem mandar um documento embargando o nosso trabalho todo. Vocês não imaginam o desânimo que isso nos causa. Tudo para por causa de detalhes. Alguma semelhança com o que está acontecendo com as obras do PAC não é mera coincidência. O estado liberal que governa BH hoje não está nem aí para o povo, sua educação ou sua saúde. O Sr. Márcio Lacerda, cupincha do governador, no primeiro mês de seu mandato, se deu um saboroso aumento de 23%. Nos meus oito anos de magistério, se somar todos os aumentos que tive, não chegou a tanto. Enquanto isso, na escola, falta muita coisa. Esses projetos sobre os quais me referi, um deles é meu. Isto é, me pediram que o desenvolvesse e o coordenasse. Tenho que fazê-lo fora do horário de trabalho. Os horários que tenho livres de sala-de-aula é para planejar e corrigir trabalhos dos alunos. Tenho nove salas, aproximadamente trezentos alunos. É responsa minha gente...Mas tenho que ir para sala-de-aula nesses tempos para substituir professores que estão de licença médica e que não são poucos. A professorada vai surtando. A barra é pesada. Não recebo um centavo a mais para desenvolver e coordenar esse projeto que é para fazer um grafitti nos muros externos da escola com os alunos adolescentes que não entendem bulufas de desenho e pintura. E isso só em quinze horas aulas. Mas vamos indo...
Os professores-burocratas apadrinhados do atual governo (e os havia nos anteriores também) não querem e não aparecem nas escolas para nos ajudar. Logo eles que são os que decidem a política educacional do município. Não a principal, a verdadeira, que não sou bobo de pensar que os baixos escalões decidem o essencial, mas os micro programas e projetos de ensino que são implementados no sistema de ensino ao longo dos anos. Essas pessoas jamais poderiam tirar o pé da sala-de-aula. Mas a coisa vai indo...
Pode tardar ainda um pouco, mas essa prefeitura de BH também vai perder a minha boa e sagrada energia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Provérbios gregos