domingo, 21 de dezembro de 2008

um anjo já te pediu ajuda?

Ele estava alimentando os cachorros. Passava das dez daquela noite um tanto fria de um quase verão. Misturava os restos do macarrão à ração para que os cães tivessem o seu prazer. Ouviu quando bateram no portão. Virou-se e dirigiu-se para lá e, como estava escuro, precisou chegar bem perto da porta e da fechadura para se certificar que o irmão, ao sair, havia passado a chave. Voltou à casa, já pensando que, quem quer que fosse àquela hora, lhe traria uma experiência diferente. A pessoa bateu novamente, e dessa vez com mais vigor, ao mesmo tempo que ele rodava a chave na fechadura, o que fez o estranho interromper as batidas. Ali, na porta da rua, por causa das muitas árvores, é muito escuro, pois não chega a luminosidade dos dois postes que se encontram um de cada lado da casa. O homem, pois era um homem, lhe disse: _Oh senhor, deixa eu te mostrar. E pegando de um saco grande que tinha ao lado, deitou-o ao chão e abriu-o para mostrar ao dono da casa o que tinha dentro. O dono da casa lhe disse então: _De que o senhor precisa?
_Eu preciso ir para casa, senhor, e também levar comida às crianças.
E abaixando-se novamente, abriu o saco e disse:
_Olha, curtidinha. Da outra vez eu não soquei, o senhor se lembra não?
Então ele se lembrou do homem. Havia lhe comprado um saco de esterco há uns meses atrás.
_É verdade, estou vendo, esse daí está bem soltinho. O senhor espere um instante.
Voltou à casa e pegou vinte reais.
_Pode colocar aqui, senhor. E deu-lhe o dinheiro.
Qual foi a alegria daquele homem, às dez horas da noite de um domingo, carregando aquele saco pesado de esterco às costas, de um lado para o outro, como um passarinho que ainda não havia ganhado o dia. Ah pobreza terrível!
_Oh senhor, me fez muito feliz! salvou o meu dia, senhor! - dizia senhor várias vezes - Oh como estou feliz!
E passava as mãos sobre o rosto como que para acreditar naquele dinheiro. Vinte reais.
O homem lhe disse que fazia qualquer trabalho, pintura, alvenaria, telhado, jardinagem, piso, tudo.
Ele não tinha um telefone de contato e o dono da casa pediu-lhe que, se pudesse, voltasse e deixasse na caixa de correio um contato. O telefone da irmã que havia esquecido. O homem agradeceu novamente. Estava visivelmente feliz.
Oh, como foi bom ver alguém feliz assim, ele pensou. Como é bom ver feliz um homem que o merece. Vinte reais: a passagem e o alimento.
Ele observou, por um instante ainda, o homem se afastar e fechou a porta.
As lágrimas imediatamente correram-lhe pela face. O homem pensou que ele fosse um anjo a salvá-lo naquela noite escura. Não sabia que o anjo era ele mesmo.

3 comentários:

  1. Pô que lindão. Aí a gente pergunta? quem ajudou quem né?

    Manero... (olha eu falando que nem jovem...)

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  2. É, Bete, é estranho se sentir bem ao ajudar os outros. Fica-nos uma sensação de um bom vazio.

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  3. Josaphat, não sei exatamente qual é a sua crença, e isso realmente não importa, mas venho te desejar um doce e abençoado Natal, na certeza de que as boas novas do evangelho falam de boa vontade, comunhão e amor. É isso que te desejo.

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Provérbios gregos