segunda-feira, 23 de junho de 2008

Caminhos

Hoje fiquei chateado. Fiz um concurso há coisa de 2 meses para um órgão da Prefeitura de Belo Horizonte, para ser mais preciso, para a Fundação Municipal de Cultura. Há coisas, nesses concursos, que me deixam bastante desconfiado quanto a idoneidade dos mesmos. Vejam vocês:
1- Uma prova de múltipla escolha cujo gabarito leva 3 dias úteis para ser divulgado;
2- Um gabarito cheio de opções erradas, inclusive conferindo como certa, em uma das questões, a opção onde havia crase antes da palavra 'todos', um absurdo de erro medonho para uma prova de concurso público de nível superior;
3- Entrei com sete recursos. Eles deferiram cinco. Por causa de outros recursos, mudaram e ou cancelaram oito das quarenta questões da prova. Ora, não é possível elaborar-se uma prova, onde cada candidato paga R$55,00, que tem um quinto do gabarito alterado. Fico pensando se não há algum propósito escuso. Considerei a hipótese de uma certa teoria da conspiração em minha cabeça, mas questões onde fica a critério de quem elaborou a prova decidir qual de duas opções é a mais verdadeira, oferece condições de suspeita;
4- Um de meus recursos, que não foi deferido, ficou sem fundamentação para o indeferimento. Entrei com outro recurso pedindo uma fundamentação para ele e, novamente, o recurso foi indeferido sem fundamentação;
5- A prova dissertativa, então, é onde fico mais desconfiado de corporativismo. Eu estava entre os primeiros antes da correção da prova aberta. Após a correção, me desclassificaram. Consideraram minha dissertação incoerente com o tema proposto e encontraram erros de português a mais do que cometi.

De fato cometi esses erros. A falta de hífen entre o verbo e o pronome átono enclítico, a falta de duas vírgulas separando uma oração adverbial, além de escrever 'este' onde deveria ser 'esse' e - a falta de mais leitura - escrevi idiossincrático em vez de idiossincrásico. Erros inaceitáveis. Mas na hora a gente fica cansado e falha na revisão. Paciência.

Agora, se eu entrar com outro recurso para esta última prova aberta, pedindo nova correção da prova, eles podem, simplesmente, como fizeram antes, indeferir sem justificativa. Aí tenho que ir para o Ministério Público. A jurisprudência (andei pesquisando) para casos de concursos públicos é que o judiciário não tem competência para julgar questões de provas, podendo apenas considerar, ou não, se o candidato foi prejudicado por algum dos itens do edital - critério da impessoabilidade.

Pessoas que estavam colocadas atrás de mim, após a prova objetiva (e que sei que trabalham na Fundação, como terceirizados), passaram à frente e se classificaram.

Bom, não tenho como provar que houve alguma 'maracutaia' nesse concurso. Nem sei se de fato o houve. Só sei que foram muitos fatos estranhos e dignos de suspeição.

Não vou recorrer. Não quero mais trabalhar nesse lugar. Eles também não me querem. Vamos seguir procurando outros caminhos. Continuar com a vida de professor mesmo, estudando as coisas que gosto.

É muito estranho se pensar que se pode controlar a vida e seus rumos. Acredito que fiz o melhor que pude. Outras forças entram em ação. Forças que não podemos controlar. Como dizia o poeta:

"Amplos são o espaço e o tempo,
amplos os campos da natureza."

A vida é um espetáculo para sua própria curtição.

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