Deu o sinal. Deixo um pedaço de pau propositalmente colocado na sala em um local para ser encontrado não sem uma certa dificuldade. Também de propósito demoro a começar a aula. Finjo estar lendo alguma coisa enquanto igualmente finjo não ouvir os reclames do porquê eu não dava logo a aula. Pensava, com meus botões, que eu as vendia cada uma por alguma coisa em torno de quinze reais para salas de trinta alunos pelo período de uma hora. Eles rapidamente vão sentindo confiança de que não colocarei limites naquele dia e vão se expandindo. Os tons de voz vão se elevando. Os celulares começam a tocar os batidos funk de sempre. As meninas vão se abaixando nas imaginárias boquinhas de garrafas, enquanto os rapazes lambem os beiços ao redor.
O pedaço de pau ainda descansa no canto. Não visto e intocado.
Alguns rapazinhos começam a testar a testosterona com abraços um pouco mais violentos.
Eu continuo no meu fingimento, mas percebo que, afinal, alguém descobre o porrete em um canto. Redobro a atenção.
Ele se apodera do pau, firma-o nas mãos e já parte para experimentá-lo no mais desavisado. Antes do golpe, no entanto, tomo-lho.
E duvidam que estamos, ainda, helenizando.
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